EDUCAÇÃO – Rio Grande do Sul Implementa Planos de Contingência em Escolas Para Enfrentar Desastres Naturais Após Enchentes Devastadoras de 2024

O Rio Grande do Sul em Busca de Resiliência Escolar Após Desastres Naturais

Um ano após as devastadoras enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o estado ainda enfrenta os desafios da reconstrução, especialmente no que diz respeito às instituições de ensino. De acordo com a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, oito escolas e a própria Secretaria de Educação permanecem fora de seus antigos prédios, que foram severamente danificados pelas cheias.

Raquel enfatiza que a tarefa vai além da simples reconstrução física das escolas. Trata-se também de implementar um abrangente plano de contingência que busque não só proteger os edifícios, mas também preparar a comunidade escolar para enfrentar tempestades, alagamentos e outros fenômenos climáticos que têm se tornado mais frequentes na região, como ciclones e ondas de calor.

Com a colaboração do Banco Mundial, foi realizada uma avaliação de 730 escolas suscetíveis a danos, das quais 87 foram identificadas como particularmente vulneráveis. Estas instituições já estão em processo de implementação do plano de contingência em caráter piloto.

“É fundamental que as escolas estejam prontas, não apenas em termos estruturais, mas também que a comunidade escolar esteja emocionalmente e cientificamente preparada para agir em situações de emergência”, afirma a secretária. Essa visão foi compartilhada por Raquel durante sua participação no II Fórum Internacional de Sustentabilidade e Educação, onde discutiu a importância de preparar as escolas para serem resilientes, inclusivas e tecnológicas.

Durante sua fala, Raquel ressaltou a importância da participação da comunidade no desenvolvimento de um sistema educacional que considere as crises climáticas atuais. Relatos de interrupções nas aulas que variaram de sete a 52 dias ressaltam a necessidade de intervenções pedagógicas adaptadas aos diferentes grupos escolares. Para ela, a continuidade da educação é crucial e deve ser planejada para que não haja lacunas de aprendizado.

Parcerias com consultorias locais e internacionais têm sido fundamentais na elaboração de planos de contingência, que definem orientações claras sobre as ações a serem tomadas antes, durante e após uma situação de emergência. “A escola é um microcosmo da sociedade; o envolvimento da comunidade é crucial para que o plano funcione de maneira eficaz”, explica Raquel.

Um exemplo prático desse novo modelo de resiliência é o Ginásio Resiliente, um espaço que não apenas serve para atividades esportivas, mas também foi projetado para acolher em situações de emergência, possuindo estrutura reforçada para garantir segurança e durabilidade.

As recentes enchentes de 2024 marcaram um dos maiores desastres naturais na história do estado, afetando 478 das 497 cidades gaúchas e submergindo 2,4 milhões de habitantes. Com um saldo trágico de 184 mortes e muitos ainda desaparecidos, o processo de recuperação se torna urgente.

A experiência do Rio Grande do Sul, incluindo suas práticas de resiliência escolar, foi até compartilhada internacionalmente, como em Valência, na Espanha, que também enfrentou tempestades devastadoras. O arquiteto José Picó, que participou da reestruturação escolar, ressaltou a importância de escutar a comunidade local, apresentando reformas que priorizam a resiliência e a integração ambiental.

Ao final do fórum, destacou-se o Prêmio Escolas Sustentáveis, reconhecendo iniciativas que buscam um futuro mais sustentável e resiliente nas escolas. Essa premiação, que contou com mil candidaturas, é um testemunho da inovação e da responsabilidade socioambiental que as escolas estão assumindo.

O compromisso do Rio Grande do Sul com a educação resiliente é um passo importante para garantir que as futuras gerações estejam melhor preparadas para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.

Sair da versão mobile