A Unesco também faz um alerta sobre a relação entre a falta de monitoramento das refeições e o alarmante crescimento da obesidade infantil, que dobrou desde 1990, enquanto a insegurança alimentar se torna cada vez mais prevalente globalmente. O relatório “Educação e nutrição: aprender a comer bem”, elaborado em conjunto com o Consórcio de Pesquisa para Saúde e Nutrição Escolar, revela que, em 2022, quase um terço das refeições escolares foi planejado sem a supervisão de nutricionistas, destacando que apenas 93 dos 187 países analisados tinham normas regulamentando a alimentação nas escolas.
A Unesco defende que uma maior oferta de alimentos frescos pode ser promovida através do fortalecimento da agricultura familiar e da valorização da cultura local. De acordo com especialistas da organização, isso não apenas beneficiaria a nutrição escolar, mas também contribuiria para a economia regional. Um exemplo positivo mencionado é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no Brasil, que já adotou medidas para restringir o uso de alimentos ultraprocessados, embora ainda enfatize a necessidade de um maior monitoramento governamental.
Iniciativas em outros países, como a inclusão de vegetais e laticínios nas escolas rurais da China, têm mostrado resultados positivos, aumentando a ingestão de nutrientes e a frequência escolar. Na Nigéria, a alimentação escolar baseada em produção local resultou em um aumento de 20% nas matrículas. A Unesco também destaca experiências na Índia, onde a introdução de milheto fortificado nas refeições escolares melhorou a concentração e memória dos adolescentes.
Para avançar, a Unesco recomenda que os governos priorizem o fornecimento de alimentos frescos e locais, reduzam a presença de produtos ultraprocessados e integrem a educação alimentar nos currículos. Em 2025, a organização pretende lançar novas ferramentas práticas e programas de formação para gestores e educadores, visando fortalecer a abordagem nutricional nas escolas. Essa iniciativa faz parte do Monitoramento Global da Educação (GEM), um esforço para avaliar o progresso dos países em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente no que diz respeito à educação de qualidade.