EDUCAÇÃO –

Pesquisa revela desafios dos anos finais do ensino fundamental: acolhimento e valorização de professores estão aquém das expectativas

Os anos finais do ensino fundamental, que incluem do 6º ao 9º ano, representam uma fase crucial e complexa na trajetória educacional dos estudantes, marcada por importantes mudanças e desafios. Reconhecendo isso, uma nova pesquisa foi divulgada com o intuito de informar a primeira política nacional focada nessa etapa da educação. Realizada durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas, a investigação ouviu mais de 2,3 milhões de alunos em 21 mil instituições educacionais em todo o Brasil.

Os dados revelam um panorama intrigante: enquanto mais da metade dos estudantes se sente acolhida nas escolas, menos de 40% expressam respeito e valorização pelos professores. Essa dicotomia representa uma reflexão sobre as dinâmicas sociais e educacionais que permeiam o ambiente escolar.

Fruto de uma colaborações entre o Ministério da Educação (MEC), o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social, a pesquisa se revela um passo significativo para entender melhor as necessidades dos adolescentes. A secretária da Secretaria de Educação Básica, Katia Schweickardt, enfatizou a importância de adaptar as experiências de aprendizagem para reconhecer a diversidade dos alunos, enfatizando que cada estudante aprende de maneiras distintas. Para ela, a preparação de professores e a reconfiguração das salas de aula são essenciais para respeitar essas particularidades.

A pedagoga Tereza Perez, representante da organização Roda Educativa, lembrou que a homogeneização nas abordagens de ensino pode resultar em sérias consequências, como a evasão escolar. Ela criticou a maneira como o sistema normalmente responsabiliza os alunos que têm dificuldades, utilizando a reprovação como uma solução, em vez de buscar alternativas que respeitem as diferentes formas de aprender.

As percepções dos alunos foram divididas em dois grupos: aqueles do 6º e 7º anos e os do 8º e 9º anos. Embora a diferença de idade seja pequena, as opiniões sobre a escola variam significativamente entre esses grupos. Os alunos mais velhos tendem a ter uma visão mais negativa em relação à escola, contrastando com a perspectiva mais otimista dos mais novos. Essa disparidade é evidenciada na questão do acolhimento: enquanto 66% dos estudantes mais novos se sentem aceitos, apenas 54% dos mais velhos compartilham dessa sensação.

Além disso, o estudo menciona que, em contextos de maior vulnerabilidade, a percepção de acolhimento nas escolas é ainda mais pronunciada. Ao abordar a socialização, 65% dos estudantes do 6º e 7º anos afirmam que a escola favorece amizades, em comparação a 55% entre os do 8º e 9º anos. Isso ressalta a importância do ambiente escolar como espaço de interação social.

Dentre os conteúdos que consideram importantes para seu desenvolvimento pessoal, os alunos mais novos valorizam disciplinas tradicionais, enquanto os mais velhos se mostram mais inclinados a reconhecer a relevância de habilidades futuras, como educação financeira e tecnologia.

As implicações dessas descobertas são profundas e indicam a necessidade de uma abordagem mais integrada e inclusiva nas escolas brasileiras. O País, com um histórico de falta de políticas focadas na adolescência, atualmente começa a construir um diálogo mais efetivo e abrangente sobre as práticas educativas, destacando a importância de nunca mais considerar os anos finais do ensino fundamental como uma etapa secundária na formação dos jovens.

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