EDUCAÇÃO –

Estudo Revela Que Apenas 22% dos Envolvidos com Tráfico de Drogas Concluíram o Ensino Médio e Clama por Educação de Qualidade

A conclusão do ensino médio é uma realidade para apenas 22% de indivíduos envolvidos com o tráfico de drogas, conforme um recente estudo que analisou as respostas de quase 4 mil pessoas. Chama atenção o fato de que mais da metade dos entrevistados não completou essa etapa da educação, indicando que a frequência escolar muitas vezes se encerra antes do fim do ensino médio.

Realizada pelo Instituto Data Favela, a pesquisa, cujo nome é “Raio-X da Vida Real”, destaca a alarmante baixa escolaridade entre os entrevistados. Além dos 22% que possuem o ensino médio completo, apenas 16% têm o ensino médio incompleto, 13% concluíram o ensino fundamental, 35% não completaram o ensino fundamental e 7% declararam não ter instrução.

Durante as entrevistas, 41% dos participantes expressaram arrependimento por não terem investido mais em sua educação, manifestando o desejo de terem estudado e se formado. A ideia de que a educação pode ser um fator transformador em suas vidas é um ponto crucial levantado por especialistas. O copresidente do Data Favela, Marcus Vinícius Athaye, enfatizou a necessidade de unir programas de geração de emprego à educação, especialmente para os jovens que já reconhecem a importância desse aspecto.

Além de refletir sobre sua formação, os entrevistados também revelaram suas aspirações acadêmicas. O curso de Direito se destacou como o mais desejado, com 18% dos participantes manifestando interesse. Administração, Medicina/Enfermagem, Engenharia/Arquitetura e Jornalismo/Publicidade também figuraram entre as áreas de interesse, mas em menor proporção.

A pesquisa ainda traçou um perfil familiar dos envolvidos, revelando que 35% cresceram em famílias tradicionais, enquanto 38% foram criados em lares monoparentais, em sua maior parte liderados por mães. Esse dado reforça a relevância das figuras femininas em sua estrutura familiar.

Em relação a sonhos de consumo, 28% dos entrevistados manifestaram o desejo de possuir uma casa, destacando uma preocupação com a segurança patrimonial e a estabilidade familiar. Essa aspiração é particularmente forte entre os jovens de 22 a 26 anos, sendo que 35% expressaram interesse em adquirir uma casa para sua família.

Entretanto, a pesquisa também revelou dados preocupantes sobre saúde mental, com índices altos de insônia, ansiedade e depressão entre os entrevistados. A falta de acesso à educação de qualidade e a dificuldade em encontrar oportunidades de emprego são questões que comprometem seu potencial de renda, com a maioria dos participantes recebendo menos de dois salários mínimos.

Diante da pergunta sobre se sentem orgulho do que fazem, 68% dos entrevistados admitiram que não. Isso desmistifica a ideia de que aqueles envolvidos com atividades ilícitas o fazem por opção, sublinhando que a maioria se vê forçada a essa realidade por circunstâncias sociais e econômicas adversas. Por fim, ao apontar as principais questões enfrentadas pelo país, os entrevistados mencionaram a pobreza e a desigualdade social como as mais prementes, seguidas pela corrupção e pela falta de acesso a serviços essenciais como educação e saúde. A pesquisa destaca a urgência de políticas públicas efectivas para enfrentar essas desigualdades persistentes.

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