EDUCAÇÃO – Estudantes de BH Protestam Contra Militarização em Escolas e Questionam Formação Educacional e Autoritarismo no Novo Modelo de Ensino proposto pelo Governo Estadual.

Na Escola Estadual Presidente Dutra, localizada no bairro Horto Florestal em Belo Horizonte, um grupo de estudantes iniciou uma mobilização significativa contra a adesão da instituição ao sistema cívico-militar. Em um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais, os alunos, de diferentes idades, levantam questionamentos sobre a adequação do modelo educacional proposto. Eles expressam preocupações sobre a possibilidade de que a imposição de figuras de autoridade, como generais, possa ultrapassar limites, comprometendo sua formação.

Durante a manifestação, os alunos se reuniram em uma quadra poliesportiva, entoando a famosa música “Marcha soldado, cabeça de papel”, enquanto exibia cartazes provocativos. Em um deles, aliás, vale destacar a pergunta provocativa: “Quem educa são professores ou generais?”. Os cartazes evidenciam a preocupação dos estudantes com a abordagem que a proposta cívico-militar poderia trazer à educação, afirmando que não se deve ensinar com medo e clamando pela autonomia de ensino e por uma educação que promova a liberdade.

A Escola Presidente Dutra, conforme as postagens em redes sociais, tem se mostrado preocupada com vários temas sociais relevantes, incluindo letramento racial, respeito à comunidade LGBTQIA+, saúde mental e artes. Essa visão contrastante com a proposta militarizante levanta ainda mais questionamentos entre a comunidade escolar.

O governo estadual, por sua vez, optou por realizar assembleias em 728 escolas pré-selecionadas, buscando consultar a comunidade escolar — alunos, pais e funcionários — sobre a implementação do novo modelo. Contudo, o governador Romeu Zema interrompeu o processo de escuta, justificando a falta de participação dos pais devido às férias. Essa pausa ocorreu após cerca de duas semanas de consulta, que havia começado em 30 de junho.

O modelo cívico-militar propõe a inclusão do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar nas escolas, sob a alegação de que isso traria uma gestão colaborativa e fortaleceria a convivência escolar. A Secretaria de Educação argumenta que essa abordagem pode promover um ambiente mais seguro e organizado, além de melhorar aspectos comportamentais e morais dos alunos.

Entretanto, especialistas da área de educação manifestam suas preocupações em relação ao modelo, como demonstrado pelo Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (FEPEMG). Este grupo instaurou um debate amplo, citando que a militarização não aborda questões fundamentais como a falta de políticas sociais e a complexidade dos desafios enfrentados por alunos em situação vulnerável. O fórum também destacou a pressão no processo de adesão das escolas ao novo modelo, além da falta de formação pedagógica adequada para os militares que atuariam nas instituições.

A implementação do modelo cívico-militar em Minas Gerais ocorre desde 2020 e, até o momento, nove escolas aderiram a essa abordagem. A Secretaria de Educação assegura que a consulta pública será documentada, mas a adesão dependerá de avaliação técnica, com o total de instituições participantes e a verba destinada a adequações definidos após a fase consultiva.

Por fim, a discussão sobre a militarização da educação em Minas Gerais promete continuar a gerar debates acalorados, com estudantes, educadores e especialistas em busca de respostas e soluções adequadas para os desafios enfrentados na escola pública.

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