O estudo será apresentado em um seminário nacional, com foco na superação do analfabetismo e na qualificação da educação de jovens e adultos. Encomendada pelo Ministério da Educação em parceria com a Unesco, a pesquisa preenche uma lacuna importante no entendimento sobre o retorno econômico da EJA e sugere a necessidade de mais investimentos e acesso a este tipo de educação.
Embora o Brasil tenha avançado no acesso à educação nos últimos anos, com a taxa de atendimento entre 6 e 14 anos saltando de 75,5% em 1991 para 96,7% em 2010, a taxa de reprovação e evasão escolar continua alta. Estima-se que 35% dos jovens brasileiros não tenham concluído o ensino médio até os 20 anos em 2023. Assim, a EJA surge como uma alternativa viável para aqueles que não puderam concluir seus estudos na idade adequada, possibilitando um novo começo e a obtenção de um diploma.
O estudo aponta que a conclusão das etapas da EJA está diretamente relacionada a um aumento na renda. Para os alunos que concluíram a alfabetização, por exemplo, houve um incremento médio de 16,3% na renda, com resultados ainda melhores para pessoas entre 46 e 60 anos, que alcançaram uma elevação superior a 23%. Do mesmo modo, os alunos que finalizam o ensino fundamental pela EJA apresentam um aumento médio de 4,6% na renda, com destaque para a faixa etária de 26 a 35 anos, que alcançou 14,9%.
Os impactos positivos também são evidentes na formalização do trabalho e na qualidade das ocupações. Para aqueles que completam o ensino médio, a renda média aumenta em cerca de 6%, com uma elevação de 9,4 pontos percentuais na probabilidade de conseguir um emprego formal após a conclusão da EJA.
A autora do estudo enfatiza que os resultados mostram a importância estratégica da EJA no Brasil, ressaltando que a educação nessa modalidade não apenas traz benefícios individuais, mas também contribui para o desenvolvimento social e econômico, aumentando a produtividade e ajudando a reduzir a pobreza e desigualdade. O “Pacto Nacional de Superação do Analfabetismo e Qualificação de Jovens e Adultos”, lançado pelo MEC no ano passado, pretende criar 3,3 milhões de novas matrículas na EJA, com um investimento robusto. A continuidade desses esforços é vital para garantir que mais brasileiros possam aproveitar os benefícios da educação e transformar suas vidas.
