EDUCAÇÃO – Educação em São Paulo: Sindicatos reagem contra privatização de escolas municipais e alertam sobre riscos à qualidade do ensino e ao emprego dos educadores.

A Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc), que reúne diferentes sindicatos representativos dos profissionais da educação em São Paulo, manifestou forte oposição ao projeto do prefeito Ricardo Nunes de transferir a administração de escolas municipais para a iniciativa privada. Este movimento gerou uma onda de protestos e discussões sobre as implicações a longo prazo para a educação pública na capital paulista.

A Coeduc, composta por entidades como o Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal (Sinesp), o Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin) e o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), considera essa proposta “arbitrária” e uma verdadeira “ameaça” tanto para os trabalhadores da educação quanto para a população em geral. Letícia Grisólio Dias, vice-presidente do Sinesp, destacou a falta de recursos que, devido a restrições legais, não poderão ser utilizados na gestão privada. Esses recursos, que deveriam ser aplicados por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), são cruciais para a manutenção da qualidade do ensino público.

Grisólio ainda ressaltou preocupações pedagógicas. As escolas públicas possuem projetos que atendem às necessidades locais, refletindo a identidade e realidade de suas comunidades. Em um modelo privatizado, as diferenças regionais podem ser ignoradas, prejudicando a qualidade da educação oferecida. Isso levanta questões sobre a eficácia de plataformas e sistemas de ensino que não consideram as especificidades dos diversos territórios da cidade.

Outro ponto crítico é a contratação de professores. Atualmente, os educadores da rede são concursados, garantindo a continuidade e a qualidade das políticas públicas educacionais. Com a privatização, há um receio de que essa garantia se perca, afetando o sistema previdenciário municipal e comprometendo os direitos trabalhistas dos docentes.

Recentemente, a Secretaria Municipal de Educação anunciou a construção de três escolas em áreas como Campo Limpo e Santo Amaro, que seriam geridas por organizações da sociedade civil, com o intuito de responder à demanda por vagas nessas regiões. Contudo, os detalhes financeiros do investimento não foram esclarecidos, gerando ainda mais desconfiança.

No aspecto mais amplo, tanto a gestão municipal quanto a estadual têm buscado parcerias com a iniciativa privada na educação, o que levanta uma série de contestações jurídicas. O Tribunal de Contas do Município já cobrou informações específicas sobre o projeto de concessão às escolas públicas, priorizando a análise dos critérios e dos mecanismos de fiscalização envolvidos.

Representantes da Coeduc têm chamado a atenção da população para esses desenvolvimentos, organizando manifestações para debater a importância da educação pública, gratuita e de qualidade, e buscando mobilizar a sociedade em defesa da gestão democrática e pública nas escolas. A luta contra a privatização do ensino e a terceirização dos serviços educacionais segue sendo uma prioridade para essas entidades, que prometem permanecer vigilantes e ativos na defesa de uma educação acessível para todos.

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