Segundo Lacerda, o Enem não é o ambiente ideal para avaliar os itinerários formativos, pois isso poderia resultar em uma rigidez no currículo dessa parte. Ele argumenta que o Enem é um exame padronizado e, portanto, seria impossível adaptá-lo aos itinerários formativos. Sugeriu que as próprias escolas, redes municipais e estaduais façam avaliações formativas em relação a essa parte do novo ensino médio, garantindo assim a flexibilidade proposta pelo debate do tema.
Os itinerários formativos permitem que os estudantes escolham aprofundar seus estudos em áreas específicas do conhecimento, como matemática e ciências humanas, dentro de cinco grupos. Atualmente, as escolas não são obrigadas a oferecer todos os itinerários, podendo escolher quais disponibilizar.
Durante a audiência, Pedro Flexa Ribeiro, representante do Fórum Brasileiro da Educação Particular, defendeu a inclusão de um segundo bloco no Enem que aborde questões relacionadas às áreas de atuação profissional dos alunos. Essa proposta já é adotada em alguns vestibulares, como o da Unicamp.
A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Jade Beatriz, por sua vez, defendeu que o ensino médio ofereça mais horas para disciplinas básicas e cursos técnicos, visando preparar os jovens para cursos subsequentes, cursos técnicos, universidade e o mercado de trabalho qualificado. Ela criticou os itinerários formativos atuais por serem desconexos com a realidade do país, levando a juventude ao subemprego e à desigualdade social.
O projeto de lei aprovado em março pela Câmara dos Deputados e em avaliação pela Comissão de Educação do Senado propõe uma carga horária total de 2,4 mil horas para a formação geral básica (somados os três anos) e 1.800 horas para a formação técnica. Os itinerários formativos terão uma carga mínima de 600 horas e enfatizarão áreas específicas de conhecimento. Essa proposta é uma alternativa do governo à reforma do ensino médio estabelecida em 2017.