Marcelo Tragtenberg, membro do conselho deliberativo do Cedra, ressalta o impacto significativo que o analfabetismo pode ter na vida das pessoas idosas. Ele destaca que, apesar da melhoria nas taxas, é crucial entender se isso reflete mudanças geracionais com novos idosos mais escolarizados ou se é fruto do processo de urbanização. Nesse sentido, Tragtenberg defende a implementação de iniciativas, como uma busca ativa para matrículas em Educação de Jovens e Adultos (EJA) e políticas de incentivos voltadas para a população mais velha que ainda não possui níveis básicos de escolaridade.
O estudo também revela uma diminuição nas taxas de analfabetismo entre jovens, com a parcela de jovens negros caindo de 2,4% em 2012 para 0,9% em 2023, enquanto os jovens brancos apresentaram uma queda de 1,1% para 0,6%. Embora a diferença entre os grupos tenha diminuído, continuamos a observar uma realidade que ainda demanda atenção.
Os dados se estendem a outras faixas etárias, como os indivíduos de 30 a 39 anos, para os quais a taxa de analfabetismo também mostrou queda. No entanto, em 2023, a realidade das pessoas negras nessa faixa etária as coloca em uma situação comparável à dos brancos em 2012, o que indica que, apesar dos avanços, as desigualdades persistem.
Especialmente entre mulheres, os números demonstram que, mesmo após uma redução nas taxas de analfabetismo, a diferença entre mulheres negras e brancas continua expressiva. Para os homens, a situação é semelhante, com a taxa entre homens negros caindo de 11,5% para 7,4%, e entre homens brancos de 4,8% para 3,4%.
Esses dados sublinham a necessidade de políticas públicas mais efetivas e inclusivas, que visem não apenas a redução de números, mas a efetiva equidade em educação para todos os segmentos da população. A luta contra o analfabetismo é um desafio que continua, exigindo abordagens que levem em conta as desigualdades raciais que permeiam a sociedade brasileira.
