EDUCAÇÃO – Desigualdade na Infraestrutura Escolar: Anuário Aponta Falta de Água e Saneamento em Escolas Públicas do Brasil, Especialmente no Norte e Nordeste.

O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 revelou profundas desigualdades na infraestrutura das escolas públicas em diversas regiões do Brasil, focando em aspectos essenciais como água potável, energia elétrica, coleta de lixo, saneamento básico, banheiros e áreas de cozinha. Esta 12ª edição do anuário foi elaborada em conjunto pelas organizações Todos Pela Educação, Fundação Santillana e Editora Moderna, e trouxe à tona dados preocupantes sobre as condições dessas instituições de ensino em todo o país.

Embora cerca de 95% das escolas públicas possuam os serviços básicos, a realidade se torna alarmante quando analisamos mais de perto a conexão à rede de esgoto e a coleta de lixo. Apenas 48,2% das escolas estão conectadas ao sistema de esgoto, e mais de 20% ainda não têm acesso ao serviço de coleta de lixo. Essa situação é ainda mais crítica nas regiões Norte e Nordeste, onde apenas 9,3% e 30,8% das escolas, respectivamente, estão ligadas ao esgoto. Por outro lado, o Sudeste se destaca, com 84,7% de suas unidades atendidas por esse serviço.

A gerente de Políticas Educacionais, Manoela Miranda, sublinha que a falta de infraestrutura básica não é apenas uma questão logística, mas impacta diretamente as condições de aprendizado dos alunos. No Acre e em Roraima, por exemplo, cerca de 30% das escolas públicas não têm água potável, e um terço das instituições no Acre e no Amazonas enfrenta a ausência de eletricidade. Além disso, cerca de 25% das escolas públicas em Roraima carecem de banheiros adequados.

A análise também indica uma discrepância significativa na infraestrutura voltada ao aprendizado. Equipamentos essenciais, como bibliotecas e laboratórios de informática, estão desigualmente distribuídos. Enquanto 86,5% das escolas de ensino médio dispõem de salas de leitura, apenas 47,2% das escolas para os anos iniciais possuem essas instalações. A presença de laboratórios de informática é notada em apenas 27% das escolas de educação infantil e em 73% do ensino médio.

Outro dado alarmante enfatiza que, apesar de 95,4% das escolas públicas terem acesso à internet, apenas 44,5% possuem conexão adequada para uso pedagógico, limitando assim a eficácia do aprendizado.

Os resultados de aprendizagem também refletem essa desigualdade. Dados indicam que apenas 4,5% dos estudantes do 3º ano do ensino médio apresentaram desempenho adequado em matemática e língua portuguesa, sendo que para o 9º ano do ensino fundamental esse número sobe para apenas 13,3%.

Diante desses desafios, Manoela destacou a necessidade de políticas educacionais que considerem as particularidades regionais e as desigualdades existentes. O anuário não só traz à luz dados relevantes, mas também serve como uma base estratégica para a formulação de metas e políticas que podem transformar a educação no Brasil nos próximos anos.

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