Embora cerca de 95% das escolas públicas possuam os serviços básicos, a realidade se torna alarmante quando analisamos mais de perto a conexão à rede de esgoto e a coleta de lixo. Apenas 48,2% das escolas estão conectadas ao sistema de esgoto, e mais de 20% ainda não têm acesso ao serviço de coleta de lixo. Essa situação é ainda mais crítica nas regiões Norte e Nordeste, onde apenas 9,3% e 30,8% das escolas, respectivamente, estão ligadas ao esgoto. Por outro lado, o Sudeste se destaca, com 84,7% de suas unidades atendidas por esse serviço.
A gerente de Políticas Educacionais, Manoela Miranda, sublinha que a falta de infraestrutura básica não é apenas uma questão logística, mas impacta diretamente as condições de aprendizado dos alunos. No Acre e em Roraima, por exemplo, cerca de 30% das escolas públicas não têm água potável, e um terço das instituições no Acre e no Amazonas enfrenta a ausência de eletricidade. Além disso, cerca de 25% das escolas públicas em Roraima carecem de banheiros adequados.
A análise também indica uma discrepância significativa na infraestrutura voltada ao aprendizado. Equipamentos essenciais, como bibliotecas e laboratórios de informática, estão desigualmente distribuídos. Enquanto 86,5% das escolas de ensino médio dispõem de salas de leitura, apenas 47,2% das escolas para os anos iniciais possuem essas instalações. A presença de laboratórios de informática é notada em apenas 27% das escolas de educação infantil e em 73% do ensino médio.
Outro dado alarmante enfatiza que, apesar de 95,4% das escolas públicas terem acesso à internet, apenas 44,5% possuem conexão adequada para uso pedagógico, limitando assim a eficácia do aprendizado.
Os resultados de aprendizagem também refletem essa desigualdade. Dados indicam que apenas 4,5% dos estudantes do 3º ano do ensino médio apresentaram desempenho adequado em matemática e língua portuguesa, sendo que para o 9º ano do ensino fundamental esse número sobe para apenas 13,3%.
Diante desses desafios, Manoela destacou a necessidade de políticas educacionais que considerem as particularidades regionais e as desigualdades existentes. O anuário não só traz à luz dados relevantes, mas também serve como uma base estratégica para a formulação de metas e políticas que podem transformar a educação no Brasil nos próximos anos.