Quando analisado o ensino público, o quadro é bem diferente. A média no Brasil é de dez alunos por professor, sendo este número inferior à média de 15 alunos por docente apresentada pela OCDE. Essa discrepância levanta preocupações a respeito da superlotação nas aulas, um dos grandes desafios identificados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A autarquia atribui essa superlotação, principalmente, ao crescimento das matrículas em cursos de Educação a Distância (EaD), que são predominantes na rede privada.
No total, o Brasil conta com cerca de 9,9 milhões de estudantes matriculados no ensino superior, conforme o último Censo da Educação Superior de 2023. Dentre esses, 79,3% frequentam instituições privadas, com uma notável tendência para o ensino a distância: entre os novos ingressantes nas instituições privadas, 73% inscreveram-se em cursos EaD. Em contrapartida, 85% dos alunos que ingressaram nas instituições públicas se matricularam em cursos presenciais.
A coordenadora de Estatística Internacional Comparada do Inep, Christyne Carvalho, sugere que a implementação do novo marco regulatório da educação a distância poderá ajudar a aliviar a superlotação nas turmas. Este marco estabelece que nenhum curso de bacharelado, licenciatura ou tecnologia poderá ser totalmente a distância, o que visa garantir uma maior qualidade na educação oferecida.
Outro ponto importante destacado pelo Inep é o envelhecimento da força docente. Nos últimos dez anos, o Brasil viu um aumento de 23% no número de professores do ensino superior com 50 anos ou mais, alcançando 33,8% desse grupo de profissionais. Essa tendência não é exclusiva do Brasil, mas é uma preocupação global nos debates educacionais, onde o etarismo é cada vez mais discutido.
Com o foco deste ano sendo o ensino superior, o relatório EaG traz à luz dados sobre o desempenho estudantil e as taxas de matrícula em diversos países, evidenciando a importância de ações públicas voltadas para a renovação do corpo docente e a melhoria da qualidade educacional. A educação no Brasil enfrenta desafios significativos, mas a atenção a esses dados pode ser o primeiro passo para uma transformação necessária.