Os resultados apresentam uma queda alarmante nos contratos permanentes no Brasil, que despencaram 16 pontos percentuais desde 2018, refletindo um aumento nos contratos temporários que, na maioria dos casos, têm duração inferior a um ano. Essa situação gera um clima de insegurança para muitos professores, que buscam a estabilidade no emprego. O estudo aponta que a modalidade de contrato influencia diretamente a qualidade do ensino, uma vez que contratos temporários geram um ambiente de tensão e incertezas.
Em uma comparação mais ampla, o Brasil ocupa a quinta posição entre os países com o menor percentual de professores em contratos permanentes, superando apenas locais como Xangai, nos quais a situação é ainda mais atípica, com apenas 33% de educadores nesse tipo de vínculo. A precariedade na situação laboral também se estende ao salário. Mesmo com um leve aumento na satisfação salarial, apenas 22% dos professores brasileiros relatam estar contentes com suas remunerações, em contraste com a média de 39% de satisfação registrada entre os educadores da OCDE. Nesse quesito, o Brasil figura entre os cinco piores classificados.
O panorama se agrava quando analisamos as condições de trabalho. Menos da metade dos educadores expressa satisfação com diferentes aspectos de seus contratos, como benefícios e carga horária, uma diminuição de 52% para 44% em relação a 2018. Isso coloca o Brasil na terceira posição entre os países com as piores avaliações nesse critério.
Esses dados suscitam questionamentos sobre as políticas de valorização do magistério no país e as estratégias necessárias para reverter um cenário que, a cada pesquisa, torna-se mais alarmante. Diante desse cenário, a pesquisa enfatiza que a remuneração adequada é crucial para atrair e manter profissionais qualificados, garantindo que a profissão docente se torne financeiramente viável e competitiva em relação a outros campos de atuação.
Realizada pela quarta vez entre junho e julho de 2024, a pesquisa Talis no Brasil contou com a participação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e das secretarias de Educação das 27 Unidades Federativas, revelando a urgência de uma reflexão sobre o futuro da educação no país.