A economista Juliane Furno, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, destaca que se trata de uma mudança histórica significativa. Para ela, a decadência da economia norte-americana está se acentuando, enquanto a liderança da potência asiática, a China, cresce. Furno defende que a atual conjuntura pode abrir oportunidades para nações periféricas, que devem se unir e trabalhar em políticas de reciprocidade e solidariedade. Ela acredita que a tentativa dos EUA de retomar sua centralidade econômica por meio de tarifas de importação resulta em um reposicionamento que pode, paradoxalmente, isolar o país, acelerando a integração econômica entre países em desenvolvimento.
Paulo Nogueira Batista Jr., ex-diretor do Fundo Monetário Internacional, também aponta a instabilidade do presente como um desafio sem precedentes. Ele menciona que o governo de Donald Trump representa um ápice da crise política americana, criando um cenário de incertezas que afeta não apenas os EUA, mas também o comércio e a atividade econômica global. Para Batista Jr., embora haja impactos negativos no curto prazo, a desaceleração da potência estadunidense pode trazer benefícios a longo prazo, ao permitir a ascensão de um novo equilíbrio econômico mundial.
As consequências desta instabilidade já são sentidas em países como o Brasil, que foi impactado por tarifas adicionais sobre produtos como aço e alumínio. A aplicação de políticas comerciais desiguais, de acordo com Batista Jr., revela uma falta de critério no atual governo, exacerbando a situação. Com isso, tanto ele quanto Furno alertam que o enfraquecimento dos EUA não ocorrerá de forma imediata, mas poderá induzir a uma fase complexa de mudanças no ordenamento econômico global.
Enquanto as nações periféricas se preparam para enfrentar desafios, a relação com os Estados Unidos e as dinâmicas do comércio internacional continuam a ser uma dança delicada entre imposições e oportunidades que podem moldar o futuro econômico do planeta.