ECONOMIA – Trump impõe tarifa de 50% a produtos brasileiros; setor agrícola alerta para impactos na competitividade e equilibração do mercado.

A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de implementar uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para seu país pode ter consequências sérias para o agronegócio brasileiro. Esse movimento, além de chance de comprometer as receitas do setor, pode criar distúrbios no mercado e pressionar os preços pagos aos produtores. A preocupação é reforçada por análises do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, que indicam que os setores mais vulneráveis incluem suco de laranja, cafés, pecuária de corte e frutas frescas.

Dentre esses produtos, o suco de laranja se revela o mais afetado pelas novas tarifas, pois já está sujeito a uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada. A previsão é que a nova sobretaxa agrave a competitividade do produto no mercado norte-americano, considerado o segundo maior destino das exportações brasileirassem. A relevância do Brasil nesse setor é notável, visto que o país fornece cerca de 80% do suco consumido nos Estados Unidos, que dependem em grande parte das importações para atender sua demanda. Atualmente, o governo brasileiro enfrenta uma excelente safra, mas a incerteza no mercado norte-americano pode impactar negativamente as cotações internas dos produtos.

O café também se encontra em uma situação delicada, especialmente por ser um dos principais produtos consumidos pelos americanos. Os Estados Unidos são responsáveis por uma fatia significativa das importações brasileiras, e qualquer aumento nos custos de importação pode afetar toda a cadeia que envolve torrefadores, cafeterias e redes de varejo. Por isso, especialistas da Cepea ressaltam que a exclusão do café do aumento tarifário não é apenas desejável, mas essencial para a estabilidade do mercado café no Brasil e nos Estados Unidos.

Outro setor a ser impactado é o da carne bovina, onde os Estados Unidos ocupam a segunda posição como principal cliente do Brasil. Recentes tendências mostram uma queda nas exportações para os EUA, enquanto as vendas para a China aumentam. Isso levanta a possibilidade de que frigoríficos brasileiros procurem diversificar seus mercados, evitando a dependência das vendas para o país norte-americano.

Quando se considera o impacto sobre as frutas frescas, especialmente a manga e a uva, a situação torna-se ainda mais crítica, uma vez que as janelas de exportação já estão se aproximando. A expectativa inicial era de crescimento nas exportações, mas o tarifaço trouxe incerteza, resultando em uma possível reorientação das vendas para outras regiões, como a União Europeia ou o mercado interno.

Diante desse cenário desafiador, o Cepea destaca a urgência de se estabelecer uma articulação diplomática eficaz com o objetivo de revisar ou eliminar as tarifas sobre produtos agroalimentares brasileiros. Tal movimento é visto como benéfico não apenas para o Brasil, mas também para os Estados Unidos, cuja segurança alimentar e competitividade do setor agroindustrial dependem substancialmente do fornecimento brasileiro. A situação mostra-se complexa e exige atenção e ações coordenadas para evitar consequências graves para ambos os países.

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