Essa decisão foi comunicada na última segunda-feira (2) ao presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, em reunião no Ministério da Fazenda. O veto do Tesouro impede que a União ofereça garantias, que, em circunstâncias normais, poderiam minimizar o risco de inadimplência para os bancos. Assim, as garantias que tradicionalmente cobririam uma eventual falta de pagamento pelos Correios não poderão ser disponibilizadas, deixando a operação vulnerável e menos atrativa para os investidores.
Na prática, isso significa que a estatal poderá renegociar com os bancos uma taxa que não ultrapasse 120% do CDI. Alternativamente, os Correios estão considerando aguardar um possível aporte direto do Tesouro Nacional, que poderia ajudar a amortecer um prejuízo acumulado que já alcança R$ 6,05 bilhões apenas no período de janeiro a setembro deste ano.
O CDI, que serve como referência para o crédito interbancário (empréstimos entre instituições financeiras), está em níveis inferiores ao da Taxa Selic, fixada atualmente em 15% ao ano. Assim, os 136% do CDI sugeriria uma taxa de cerca de 20% ao ano, enquanto um empréstimo com juros de 120% do CDI implicaria em algo próximo de 18% ao ano.
Os Correios, em comunicado interno, confirmaram a rejeição do empréstimo e destacaram que estão em busca de soluções em cooperação com diversos ministérios. A Diretoria Executiva da estatal afirma estar comprometida com a liquidez e a recuperação financeira da empresa.
Desde outubro, os Correios estão em busca desse empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturar suas operações. O plano inclui uma série de compromissos para assegurar não apenas a saúde financeira da empresa, mas também a modernização de seus serviços. Entre as medidas previstas estão um programa de demissão voluntária, o fechamento de mil agências e a venda de R$ 1,5 bilhão em imóveis. Com os novos recursos, a estatal esperava saldar uma dívida de R$ 1,8 bilhão, quitar pendências com fornecedores, modernizar o serviço de entrega e explorar novas fontes de receita.
