ECONOMIA –

Taxação de 50% dos Produtos Brasileiros pelos EUA Gera Preocupações sobre Impactos Econômicos e Relações Bilaterais

A recente imposição de uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos gerou um intenso debate no Brasil, evidenciado pelo encontro virtual intitulado “As Medidas do Governo Trump e os Efeitos para o Brasil”, organizado pela FecomércioSP, que envolve o Conselho de Relações Internacionais e o Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política. O encontro, realizado em 1º de setembro, trouxe à tona preocupações sobre os impactos adversos dessa medida sobre a economia nacional.

De acordo com análises da Fecomércio-SP, tal taxação contraria fundamentos essenciais do comércio internacional, afetando não apenas as empresas que atuam nesse mercado, mas também a geração de emprego e o crescimento econômico brasileiro. A entidade ressalta que o enfraquecimento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos pode resultar em uma diminuição da confiança mútua, essencial para negócios bilaterais saudáveis.

O economista Otaviano Canuto, pesquisador sênior no Policy Center for the New South, projetou uma possível redução do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em cerca de 0,9% ao longo do ano devido a essa taxação. Embora o impacto possa ser considerado menor em relação a uma aplicação ampla da taxa, ele ainda se mostra negativo, afetando especialmente setores como carnes e frutas.

Por outro lado, o sociólogo Thiago de Aragão, diretor da consultoria Arko Advice, destacou que muitas empresas estão em um esforço ativo para se incluir na lista de isenções que será publicada pelos Estados Unidos. Araão explica que a adaptação à nova realidade é crucial para a sobrevivência de muitas indústrias. Se as negociações não surgirem com bons resultados, a busca por novos mercados será a principal alternativa, mas isso pode comprometer investimentos a longo prazo.

Aragão também chamou a atenção para o aspecto estratégico da taxação, mencionando que a efetuação adequada da lista de isenções poderá reduzir o senso de urgência nas negociações por parte do Brasil. Em sua análise, ele identificou uma tática comum de negociação utilizada pelo governo Trump, onde fatores políticos influenciam as relações comerciais, gerando um ambiente de pressão.

Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior, trouxe uma perspectiva crítica ao apontar que as questões político-diplomáticas e comerciais estão mescladas. Ele enfatizou a necessidade de desassociar essas áreas para avançar nas negociações. Para Barbosa, o Brasil possui habilidades de negociação robustas, manifestadas nas conversas entre empresas brasileiras e seus pares americanos, o que gerou efeitos positivos, minimizando o impacto da taxa.

Barbosa também chamou a atenção para a importância de uma presença governamental ativa em Washington, lembrando que a falta de comunicação adequada permitiu que a oposição se manifestasse sem resistência. O contexto atual exige uma ação enérgica do governo, que deve claramente expor a realidade do Brasil e suas instituições. Essa dinâmica complexa entre comércio e política coloca o Brasil em uma posição delicada, onde as próximas semanas serão cruciais para moldar o futuro das relações comerciais com os Estados Unidos.

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