A Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi uma das vozes mais contundentes a criticar essa decisão. Em nota, o presidente da CNI, Ricardo Alban, enfatizou que a política monetária contracionista em vigor é prejudicial ao cenário econômico nacional. Alban argumentou que a Selic elevada tem o efeito de frear a economia de maneira excessiva, especialmente em um momento em que a inflação está finalmente apresentando sinais de queda. Ele alertou que essa taxa representa custos desnecessários, colocando em risco o mercado de trabalho e o bem-estar da população em geral.
Um dado alarmante revelado por uma pesquisa da CNI aponta que 80% das empresas industriais consideram os juros altos como o principal obstáculo ao acesso ao crédito de curto prazo. Para 71% dessas empresas, essa taxa representa o maior entrave ao financiamento de longo prazo, o que pode comprometer investimentos essenciais para o crescimento e desenvolvimento do setor.
O setor da construção civil reiterou essa preocupação. Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), destacou que uma taxa de Selic elevada acarreta um encarecimento do crédito imobiliário, inibindo a realização de novos projetos. O impacto é notável, a ponto de a CBIC ter revisado sua projeção de crescimento para o setor, reduzindo-a de 2,3% para 1,3% para o ano de 2025.
As centrais sindicais, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), também expressaram críticas, afirmando que cada aumento de um ponto percentual na Selic representa um impacto significativo nos gastos públicos, desviando recursos que poderiam ser investidos em áreas essenciais como saúde e educação. O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, complementou essa crítica ao classificar o momento atual como uma “era dos juros extorsivos”, que compromete o consumo das famílias.
O setor de supermercados, representado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS), não ficou atrás nas manifestações de descontentamento, apontando que o Brasil enfrenta uma das maiores taxas reais de juros do mundo, o que prejudica investimentos e perpetua as dificuldades estruturais para o desenvolvimento.
Apesar das críticas, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) pondera que a manutenção da taxa Selic deve ser vista sob a ótica da cautela. O economista Ulisses Ruiz de Gamboa defende que a medida é uma resposta necessária diante de uma inflação ainda acima da meta, mesmo em um cenário de desaceleração econômica.
Em suma, a decisão do Copom de manter os juros elevados gera um amplo debate sobre as direções da política econômica do Brasil e seu impacto em diversas esferas da sociedade. A esperança agora é que esse impasse seja analisado com a urgência que a situação exige, buscando um equilíbrio que favoreça a recuperação econômica sem comprometer a estabilidade monetária.
