As consequências não se limitam apenas à economia norte-americana. O estudo destaca que o chamado “tarifaço” pode resultar em uma queda de 0,16% no PIB também do Brasil e da China, bem como provocar uma diminuição de 0,12% na economia global, levando a uma retração estimada de 2,1% no comércio internacional. A situação é alarmante, especialmente para o Brasil, que possui os EUA como um de seus principais mercados.
Ricardo Alban, presidente da CNI, enfatiza que esses números revelam uma dinâmica de “perde-perde” para todas as partes envolvidas, de forma mais acentuada para os americanos. Ele destaca a importância de avançar nas negociações entre os países e de sensibilizar o governo dos EUA sobre a complementaridade das relações comerciais.
No Brasil, o impacto do tarifas sobre a economia pode ser profundo, com uma possível redução de R$ 52 bilhões nas exportações e a perda de cerca de 110 mil empregos. Os setores mais vulneráveis incluem a indústria de tratores e máquinas agrícolas, a de aeronaves e equipamentos de transporte, além dos produtores de carnes de aves.
Os estados brasileiros que devem sentir mais diretamente esses efeitos negativos incluem São Paulo, que poderá ver uma queda de R$ 4,4 bilhões em seu PIB, seguido pelo Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, todos com perdas significativas.
Em termos de relações comerciais, o Brasil aplica uma tarifa média de 2,7% sobre produtos americanos. Entre 2015 e 2024, os EUA mantiveram um superávit comercial de US$ 43 bilhões em bens e US$ 165 bilhões em serviços com o Brasil, que atualmente é o terceiro maior parceiro comercial do país, absorvendo 12% das exportações brasileiras e representando 16% das importações. Além disso, os EUA são, de longe, o principal destino das exportações da indústria de transformação nacional, correspondendo, em 2024, a 78,2% das exportações.
A situação econômica demanda ações coordenadas para mitigar os efeitos negativos e reforçar a importância das relações bi-laterais entre Brasil e Estados Unidos.