ECONOMIA – Sistema elétrico brasileiro em risco: falta de leilões pode agravar suprimento de energia nos próximos cinco anos, especialmente durante horários de pico.



O cenário do sistema elétrico brasileiro para os próximos cinco anos é motivo de preocupação, principalmente em relação à capacidade de atender à demanda de energia elétrica durante os horários de pico, especialmente ao final do dia. O diagnóstico alarmante foi apresentado no mais recente Plano da Operação Energética (PEN 2025), elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

De acordo com as previsões contidas no documento, a necessidade de despachar usinas térmicas flexíveis aumenta consideravelmente para atender à demanda que tende a crescer durante esses períodos críticos. Uma das soluções em discussão é o retorno do horário de verão, que foi suspenso durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro. Porém, essa medida dependerá de análises futuras sobre a capacidade de atendimento.

A análise do ONS também revela um crescimento na geração de energia no país, impulsionado principalmente por fontes intermitentes como a eólica e a solar. Contudo, estas fontes enfrentam uma limitação significativa: a produção de energia solar e a micro e mini geração distribuída praticamente se interrompem durante o período noturno, quando a demanda é mais elevada. Diante disso, estima-se que a capacidade instalada do sistema aumente em 36 Gigawatts (GW) até 2029, totalizando 268 GW. As fontes solares devem representar uma parcela considerável da matriz elétrica neste horizonte, o que traz novos desafios no que diz respeito à operação do sistema.

O ONS aponta a necessidade urgente de se preparar para um elevado despacho termelétrico, especialmente no segundo semestre deste ano. O documento ressalta a exigência por um sistema que oferece flexibilidade para se adaptar às rápidas variações na demanda e nas fontes de geração intermitentes.

Entretanto, apesar do aumento previsto nas térmicas, o ONS não recomenda a inclusão de novas usinas que apresentem alto nível de inflexibilidade. A necessidade de uma operação mais ágil e adaptável é cada vez mais evidente, considerando o novo perfil da matriz elétrica. A realização de leilões anuais de reserva de capacidade é considerada uma ação fundamental, pois a capacidade atual não é suficiente para garantir um fornecimento seguro e confiável ao longo dos anos subsequentes.

Os especialistas também alertam sobre a inserção de cargas especiais, como datacenters e hidrogênio verde, que demandam alta capacidade de energia e possuem baixa flexibilidade. Isso representa um desafio adicional para o sistema, principalmente durante os períodos de pico, onde as dificuldades operacionais já são significativas. Em resumo, a situação exige um planejamento cuidadoso e uma ação rápida para evitar crises futuras no fornecimento de energia elétrica no Brasil.

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