Essa perda é especialmente impactante, já que o governo agora terá que encontrar alternativas para arrecadar ou economizar R$ 20,5 bilhões de modo a cumprir a meta fiscal estabelecida para 2025. Vale destacar que, anteriormente, a administração já havia bloqueado ou contingenciado R$ 31,3 bilhões em despesas deste ano, o que torna a situação fiscal ainda mais crítica.
A condução da votação ficou a cargo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que trouxe a pauta à frente rapidamente após a decisão da Câmara. O líder do governo no Senado, Jacques Wagner, expressou sua insatisfação, afirmando que a revogação do decreto descumpriu acordos políticos previamente estabelecidos entre as lideranças do governo e os presidentes das casas legislativas. Ele enfatizou que tais ações não são bem vistas no Parlamento e que a manutenção de acordos é fundamental para a estabilidade das relações entre os poderes.
Durante a votação, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) se posicionou de forma unida contra a derrubada do decreto, demonstrando a resistência da sigla às mudanças propostas. O senador Weverton Rocha, do PDT, também se manifestou contrariamente à revogação.
Em contrapartida, o presidente da Câmara, Hugo Motta, já havia sinalizado anteriormente que a maioria dos deputados não apoiava o aumento nas alíquotas do IOF e demandava cortes nas despesas primárias em vez de ajustes fiscais que impactem diretamente o consumidor.
O governo defendeu que o aumento do IOF era necessário para evitar cortes em políticas sociais, além de ser uma estratégia para corrigir injustiças no sistema tributário, especialmente em relação a setores que hoje não pagam impostos sobre a renda. Entre as principais alterações previstas pelo decreto estavam a elevação da taxação sobre apostas eletrônicas e fintechs, além da taxação das Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, que atualmente são isentas de Imposto de Renda.
Esse episódio revela as dificuldades que a administração enfrenta para conciliar suas metas fiscais com as expectativas e pressões do Legislativo, colocando em evidência um cenário político complexo e desafiador para o atual governo. O debate crescente sobre justiça tributária e a segurança jurídica sublinha a necessidade de um alinhamento mais robusto entre as esferas do poder para avançar em propostas que afetem a economia.