ECONOMIA – Selic em 15% contribui para queda de 0,2% na atividade econômica, alertam economistas sobre impacto de juros altos no consumo e investimentos.

Análise dos Efeitos da Selic na Atividade Econômica Brasileira

Recentemente, economistas apontaram uma relação direta entre a taxa Selic, a taxa básica de juros estipulada pelo Banco Central do Brasil, e o desempenho da economia nacional. Em setembro, o Índice de Atividade Econômica do país apresentou uma queda de 0,2% em comparação ao mês anterior, levantando preocupações sobre a saúde econômica do Brasil. Atualmente, a Selic se encontra em 15% ao ano, nível recorde que não era visto há duas décadas.

O professor de Economia e Direito da Mackenzie Alphaville, Douglas Elmauer, observa que essa retração da atividade econômica está intimamente ligada ao ambiente macroeconômico atual. Para ele, a taxa de juros elevada tem um papel fundamental na diminuição da demanda. Aumento nos juros impacta diretamente no custo do crédito, o que, por sua vez, desencoraja o consumo, retarda investimentos e agrava a situação financeira das famílias brasileiras.

Elmauer também ressalta que, apesar de uma desaceleração na inflação, a renda familiar ainda não recuperou o poder de compra que havia sido perdido anteriormente, limitando o consumo em áreas cruciais da economia. Além disso, ele menciona que a instabilidade na política monetária dos Estados Unidos tem contribuído para comprometer as condições financeiras globais e, consequentemente, as expectativas do setor empresarial.

Por sua vez, o economista Euzébio Sousa, pesquisador na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, afirma que a alta da taxa de juros gera um impacto adverso no crescimento econômico. Segundo ele, o Banco Central, ao manter juros tão elevados, sinaliza a necessidade de desacelerar a atividade econômica, resultando em um efeito sistêmico que afeta diversos segmentos.

Sousa acrescenta que o encarecimento do crédito limita o financiamento para consumo, resultando em uma queda na demanda. Isso também impacta o otimismo dos empresários, levando a um menor apetite para investir e produzir, afetando, por consequência, os níveis de emprego.

Por outro lado, a economista Daniela Cardoso acredita que a queda de 0,2% em setembro deve ser vista como uma anomalia pontual e não como um indicador alarmante da economia. Ela argumenta que essa diminuição é discreta e menor do que as quedas acumuladas nos três meses anteriores. Cardoso sugere que, na ausência de uma tendência crescente, não é correto considerar esse dado como um sinal de problemas econômicos graves.

Com olhos voltados para o futuro, a economista prevê que, a partir do próximo ano, a Selic poderá começar a ser reduzida, alcançando níveis em torno de 12%. Essa possível diminuição da taxa, segundo Cardoso, pode contribuir para a redução da dívida pública e o equilibrar das contas fiscais do Brasil.

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