Os debates na audiência se concentraram nos impactos financeiros e sociais decorrentes da obra inacabada. Iniciada na década de 1980, a construção foi interrompida em 2015 e, até o momento, não há um plano concreto para sua conclusão. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), a falta de definição pode resultar em um aumento expressivo dos custos, fazendo com que o investimento total chegue a mais de R$ 43 bilhões, superando em muito os R$ 23 bilhões originalmente previstos.
O deputado Jorge Felippe Neto, presidente da Comissão de Meio Ambiente, enfatizou a relevância da usina para a autonomia energética do estado do Rio. Ele defendeu que Angra 3 tem potencial para produzir 1.405 megawatts de energia, suficiente para atender a mais de 4,5 milhões de residências. No entanto, destacou as repetidas adiamentos do governo federal, que já alocou R$ 21 bilhões no projeto.
O deputado Marcelo Dino, por sua vez, abordou a questão do desemprego. Atualmente, cerca de 400 postos de trabalho são mantidos em função da usina, mas a retomada das obras poderia elevar esse número a 3.500. Ele argumento que concluir a construção não só trará benefícios para Angra dos Reis, mas para todo o estado e o país, propiciando uma nova onda de crescimento econômico.
Flávia Azevedo, representante da Associação de Trabalhadores da Nuclebrás Equipamentos Pesados, criticou os gastos desnecessários com a usina parada. Com 60% da obra concluída e equipamentos já adquiridos, os recursos poderiam ser utilizados para fomentar empregos e desenvolvimento na região da Costa Verde.
Para Gabriela Borsato, diretora da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a finalização das obras é essencial. Ela argumentou que a energia nuclear é uma alternativa viável para a crise energética, e que, uma vez operacional, o custo da energia poderia cair em até 75% após um período de amortização de 20 anos. Borsato também destacou a confiabilidade da energia nuclear, que gera 90% de sua capacidade de forma contínua, em oposição às energias renováveis, que operam em cerca de 40%.
A audiência pública não apenas expôs a urgência da conclusão da Usina Nuclear Angra 3, mas também trouxe à tona a necessidade de uma discussão mais ampla sobre energia e desenvolvimento no Brasil.