O declínio nas exportações para os Estados Unidos não é uma exclusividade desta nação. A União Europeia e os países da América do Sul também observam quedas significativas, embora ainda mantenham suas participações acima da dos americanos. A UE conta com 14,3% e a América do Sul com 12,2%. Esses dados fazem parte de um estudo mensal que analisa a balança comercial e outros aspectos do comércio exterior, evidenciando as transformações nas relações comerciais do Brasil.
Ademais, a diminuição da participação americana se reflete também nas importações brasileiras. A proporção de produtos adquiridos dos Estados Unidos caiu de 22,7% em 2001 para 15,5% em 2024. A China, em contrapartida, viu sua participação aumentar dez vezes, de 2,3% para 24,2%, enquanto as importações da União Europeia e da América do Sul também recuaram consideravelmente.
Outro aspecto relevante trazido pelo estudo é a diversidade dos produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos, em contraste com a concentração das exportações para a China, onde três produtos — petróleo, soja, e minério de ferro — dominam as transações. Em relação aos EUA, uma gama maior de produtos é responsável por 57% das exportações brasileiras.
O recente anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte do presidente americano, Donald Trump, trouxe à tona uma nova esfera de tensões na relação bilateral. As consequências desse tarifaço ainda são incertas, mas é evidente que ele poderia afetar negativamente setores chave da economia brasileira, como a indústria de manufatura.
Analistas como Lia Valls, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), destacam que, embora existam oportunidades para que certos produtos brasileiros, principalmente commodities, possam encontrar novos mercados, a realidade é que a substituição dos Estados Unidos por outros parceiros não será simples. Além disso, a presença significativa de multinacionais americanas no Brasil e a interdependência dos mercados globais podem influenciar decisões futuras.
Diante desse panorama desafiador, o governo brasileiro busca alternativas para mitigar os impactos das tarifas, explorando medidas de retaliação e negociações diplomáticas, enquanto se depara com a complexidade de uma relação que, outrora robusta, agora se apresenta repleta de incertezas.