ECONOMIA – Queda de US$ 300 milhões nas exportações de alimentos industrializados em agosto evidencia impacto das tarifas dos EUA, revela balanço da ABIA.

Em agosto, as exportações de alimentos industrializados pelo Brasil sofreram uma queda significativa de US$ 300 milhões, o que representa uma redução de 4,8% em comparação ao mês anterior, conforme aponta um balanço da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). No total, as exportações atingiram US$ 5,9 bilhões, com uma fatia de US$ 332,7 milhões destinada ao mercado dos Estados Unidos. Essa cifra é alarmante, já que marca uma diminuição de 27,7% em relação a julho e de 19,9% em comparação ao mesmo mês do ano passado.

Esse desempenho negativo está relacionado diretamente ao aumento das tarifas impostas pelos EUA, que chegaram a 50% sobre os produtos brasileiros. Além disso, muitos embarques foram antecipados para julho, antes da implementação da nova taxa, o que também influenciou as quedas subsequentes nas exportações. Destacam-se como os produtos mais afetados as vendas de açúcares, que recuaram em impressionantes 69,5% em agosto em relação a julho, seguidos pelas proteínas animais e preparações alimentícias, que também registraram quedas acentuadas.

Para João Dornellas, presidente executivo da ABIA, a situação demonstra a necessidade urgente do Brasil em diversificar seus parceiros comerciais e aprimorar sua capacidade de negociação. A diminuição nas exportações para os Estados Unidos ocorreu paralelamente a um aumento significativo nas vendas para o México, que alcançaram US$ 221,15 milhões, cerca de 3,8% do total exportado. Esse aumento de 43% em relação ao mês anterior sugere um possível redirecionamento das rotas comerciais brasileiras, um fenômeno que deve ser monitorado de perto.

Além do México, a China continua a ser um dos principais mercados para os produtos brasileiros, adquirindo US$ 1,32 bilhão em alimentos industrializados em agosto, um aumento de 10,9% em relação ao mês anterior e de impressionantes 51% comparado ao mesmo período do ano passado. No entanto, é notável que, apesar do crescimento chinês, as importações dos países da Liga Árabe e da União Europeia apresentaram quedas significativas, indicando um cenário de desafios para o setor.

Enquanto isso, no setor de suco de laranja, que não foi afetado pelas novas tarifas, as exportações cresceram 6,8% em relação ao ano anterior, embora tenham sofrido uma retração de 11% em relação a julho devido à antecipação de embarques. No mercado de trabalho, a indústria de alimentos conseguiu criar 67,1 mil novos postos formais nos últimos doze meses, evidenciando um crescimento de 3,3% em relação ao ano anterior. Os números apontam para a importância do setor alimentar na economia brasileira, que enfrenta desafios tanto internos quanto externos.

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