Esse desempenho negativo está relacionado diretamente ao aumento das tarifas impostas pelos EUA, que chegaram a 50% sobre os produtos brasileiros. Além disso, muitos embarques foram antecipados para julho, antes da implementação da nova taxa, o que também influenciou as quedas subsequentes nas exportações. Destacam-se como os produtos mais afetados as vendas de açúcares, que recuaram em impressionantes 69,5% em agosto em relação a julho, seguidos pelas proteínas animais e preparações alimentícias, que também registraram quedas acentuadas.
Para João Dornellas, presidente executivo da ABIA, a situação demonstra a necessidade urgente do Brasil em diversificar seus parceiros comerciais e aprimorar sua capacidade de negociação. A diminuição nas exportações para os Estados Unidos ocorreu paralelamente a um aumento significativo nas vendas para o México, que alcançaram US$ 221,15 milhões, cerca de 3,8% do total exportado. Esse aumento de 43% em relação ao mês anterior sugere um possível redirecionamento das rotas comerciais brasileiras, um fenômeno que deve ser monitorado de perto.
Além do México, a China continua a ser um dos principais mercados para os produtos brasileiros, adquirindo US$ 1,32 bilhão em alimentos industrializados em agosto, um aumento de 10,9% em relação ao mês anterior e de impressionantes 51% comparado ao mesmo período do ano passado. No entanto, é notável que, apesar do crescimento chinês, as importações dos países da Liga Árabe e da União Europeia apresentaram quedas significativas, indicando um cenário de desafios para o setor.
Enquanto isso, no setor de suco de laranja, que não foi afetado pelas novas tarifas, as exportações cresceram 6,8% em relação ao ano anterior, embora tenham sofrido uma retração de 11% em relação a julho devido à antecipação de embarques. No mercado de trabalho, a indústria de alimentos conseguiu criar 67,1 mil novos postos formais nos últimos doze meses, evidenciando um crescimento de 3,3% em relação ao ano anterior. Os números apontam para a importância do setor alimentar na economia brasileira, que enfrenta desafios tanto internos quanto externos.