Esse cenário negativo se repete pelo terceiro mês consecutivo, evidenciando um padrão preocupante. Os primeiros quatro meses deste ano também apresentaram resultados de retiradas, enquanto maio e junho trouxeram alívios temporários com entradas líquidas. No acumulado de 2025, a caderneta de poupança registra um significativo resgate líquido de R$ 78,5 bilhões.
Nos últimos anos, a tendência tem sido de mais saques do que depósitos. Em 2023, a retirada líquida chegou a R$ 87,8 bilhões, e em 2024, R$ 15,5 bilhões. Esse comportamento reflete a mudança no cenário econômico e a busca por aplicações mais rentáveis, especialmente devido à manutenção da taxa Selic em níveis elevados. A Selic, taxa básica de juros, tem incentivado os investidores a explorar alternativas mais atrativas, em vez de deixar seus recursos na poupança, que historicamente oferece rendimentos inferiores a outros investimentos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu, em julho, um ciclo de elevações na Selic que durou sete reuniões, mantendo a taxa em 15% ao ano. Essa decisão visa garantir a meta de inflação de 3%, e o aumento da taxa é uma estratégia para conter a demanda aquecida, refletindo-se nos preços. Com juros mais altos, o crédito se encarece, e a expectativa é que os consumidores optem por economizar mais.
Até agosto, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta acumulada de 5,13% em 12 meses, apresentando desafios adicionais para a economia brasileira. Ao mesmo tempo, o papel da caderneta de poupança como uma opção segura de investimento está sob pressão, levando a uma reavaliação de suas vantagens pelos brasileiros em um cenário inflacionário e de juros elevados.