ECONOMIA – Plataformas de apostas esportivas podem causar prejuízo anual de R$ 117 bilhões aos comércios, alerta estudo da CNC.

Um novo levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou dados preocupantes sobre o impacto das apostas esportivas online, conhecidas como bets, na economia brasileira. De acordo com o estudo, as bets podem gerar um prejuízo anual de R$ 117 bilhões para os estabelecimentos comerciais do país, representando uma porcentagem significativa do Produto Interno Bruto (PIB) e do consumo total.

Os resultados divulgados mostram que entre junho de 2023 e junho de 2024, os brasileiros gastaram cerca de R$ 68 bilhões em apostas nas plataformas virtuais. Esse montante representa uma parcela considerável da movimentação econômica nacional. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, enfatizou em entrevista que a queda nas vendas do varejo devido aos gastos com as bets acarreta um impacto maior do que o valor perdido nas transações.

O estudo também ressaltou a preocupação com os gastos excessivos das famílias nas apostas online, levando à inadimplência e afetando diretamente o consumo no varejo. A autorização das apostas no Brasil pela Lei Federal 13.756, aprovada em 2018, abriu caminho para o crescimento acelerado das plataformas de apostas, que têm investido em publicidade e até mesmo patrocinado clubes de futebol.

Um aspecto alarmante identificado pelo estudo é a crescente participação do público feminino nos cassinos online, especialmente no Jogo do Tigrinho. A CNC alertou que essa tendência pode representar riscos sociais significativos, considerando que muitas beneficiárias de programas sociais, como o Bolsa Família, estão se envolvendo em apostas online.

Diante dessas constatações, a CNC iniciou uma ação indireta no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a regulamentação das bets no país. Além disso, a confederação reiterou sua posição a favor da legalização dos cassinos físicos, argumentando que eles poderiam gerar empregos e renda significativos no Brasil, ao contrário das apostas online que impactam negativamente a economia.

Entretanto, é importante ressaltar que a proibição dos cassinos físicos no Brasil em 1946 foi motivada por questões morais, jurídicas e religiosas. Organizações como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantêm uma postura crítica em relação aos jogos de azar, reconhecendo o vício como um problema de saúde pública.

Diante desse cenário complexo e multifacetado, é essencial um debate amplo e equilibrado sobre o impacto das apostas online e a possível legalização dos cassinos físicos no Brasil, levando em consideração não apenas aspectos econômicos, mas também sociais e de saúde pública.

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