ECONOMIA – Paralisação dos EUA na OMC afeta arbitragem de conflitos comerciais em meio à intensificação da guerra de tarifas.

A paralisação da Organização Mundial do Comércio (OMC) por parte dos Estados Unidos está provocando uma limitação significativa na capacidade da organização de arbitrar conflitos na área comercial, justamente em um momento em que a guerra de tarifas liderada pelo presidente Donald Trump está se aprofundando.

De acordo com o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Carlos Delorme Prado, a desidratação da OMC por parte dos Estados Unidos vem ocorrendo desde o governo de Barack Obama, do Partido Democrata, que administrou o país entre 2008 e 2016. A organização, que foi criada em 1995 com o apoio dos EUA, viu seu funcionamento comprometido à medida que os norte-americanos passaram a enfrentar uma competição mais acirrada, especialmente por parte da China.

A política industrial adotada durante a gestão de Joe Biden, que já está fora das normas estabelecidas pela OMC, tem contribuído para a ausência de árbitros indicados pelos EUA, enfraquecendo ainda mais o sistema. As medidas protecionistas implantadas pelos Estados Unidos, como tarifas sobre importações de parceiros comerciais e setores específicos, têm impactado diversos países, incluindo o Brasil.

Diante desse cenário desafiador, o Brasil tem evitado retaliar os EUA e optou por negociar diretamente com o governo norte-americano, além de manifestar a intenção de recorrer à OMC para questionar as tarifas aplicadas. No entanto, o professor Luiz Carlos Prado acredita que a ação do Brasil na OMC terá mais um caráter simbólico do que prático, considerando a postura atual dos EUA em relação à organização.

Embora o Brasil não seja mais tão dependente do comércio com os Estados Unidos como no passado, o impacto das tarifas sobre o aço e o alumínio ainda será sentido em setores específicos da economia. O país, no entanto, está em uma posição mais confortável do que outros parceiros comerciais dos EUA, como México e Canadá, devido à diversificação de seus mercados de exportação, com destaque para a China.

Portanto, a paralisação da OMC pelos Estados Unidos e a escalada da guerra de tarifas estão gerando incertezas e desafios para o comércio internacional, com reflexos diretos na economia brasileira e de outros países ao redor do mundo. A busca por soluções diplomáticas e o fortalecimento de parcerias comerciais devem ser essenciais para lidar com esse contexto de instabilidade e protecionismo econômico.

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