Ainda em sua fase beta, o aplicativo se propõe a melhorar a tomada de decisões sobre a viabilidade de tecnologias sociais hídricas, utilizadas amplamente para assegurar a umidade do solo e possibilitar o cultivo mesmo em períodos de escassez de chuvas. Apesar de a barragem subterrânea ser uma técnica consolidada nessa região, a Embrapa enfatiza que não todo terreno é apropriado para sua construção. Por isso, a ferramenta foi criada com critérios técnicos que minimizam erros na escolha do local, potencializando o uso ideal dos recursos hídricos.
Com uma interface amigável, o GuardeÁgua pode ser operado offline, permitindo que os agricultores utilizem a ferramenta em campos remotos sem acesso à internet. Assim que a conexão é restabelecida, os dados coletados são sincronizados automaticamente. O usuário insere informações sobre o solo, relevo, clima, geologia e vegetação, e o sistema classifica o terreno em três categorias: “Apto”, “Restrito” ou “Inapto”, com a correspondente justificativa técnica.
Além de fornecer análises de viabilidade, o aplicativo também oferece orientações sobre manejo do solo e da água, apresentando práticas conservacionistas e sugestões de irrigação, além de recomendar culturas agrícolas adequadas para cada área analisada. Os usuários podem acessar informações detalhadas sobre cultivo e manejo por meio do Portal Embrapa, integrando dados do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que informa os melhores períodos de plantio.
A implementação do GuardeÁgua está acompanhada de um plano ambicioso de capacitação: em todos os 11 estados do semiárido brasileiro, estão programadas iniciativas de formação no primeiro semestre de 2026, coordenadas pela Embrapa e ASA, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.
O lançamento oficial do aplicativo ocorreu no último dia 10, em Santana do Ipanema (AL), e contou com a presença de representantes do MDS, Embrapa, ASA, além de agricultores locais. O evento também homenageou o pesquisador Luís de França da Silva Neto, que foi uma figura central ao longo do desenvolvimento da ferramenta e faleceu em 2024. O legado de sua pesquisa reflete um compromisso com a agricultura familiar e a busca por soluções sustentáveis no semiárido, promovendo esperança e inovação em uma das regiões mais desafiadoras do Brasil.
