Apesar da redução, o resultado ficou abaixo das expectativas das instituições financeiras, que previam um déficit de R$ 25,1 bilhões para o mês. Em termos nominais, o déficit de agosto deste ano foi o terceiro pior da história, perdendo apenas para os meses de agosto de 2020 e 2022. Já quando corrigido pela inflação, foi o quarto maior déficit para o mês.
Até o momento, o déficit primário acumulado pelo Governo Central em 2023 é de R$ 104,59 bilhões. Em valores nominais, esse é o segundo maior déficit acumulado, perdendo apenas para os oito primeiros meses de 2020, quando o resultado negativo alcançou a cifra de R$ 601,302 bilhões. Já em valores reais, é o quarto maior déficit da série histórica.
Vale destacar que o resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos do governo, desconsiderando os juros da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelece uma meta de déficit primário de R$ 231,5 bilhões para o Governo Central em 2023.
Em relação às receitas, houve uma queda de 2,8% em valores nominais no mês de agosto em comparação com o mesmo período do ano passado. Já as despesas totais apresentaram uma redução maior, de 14,7% em valores nominais. Essa diferença se deve, em parte, à mudança de calendário dos precatórios.
No que diz respeito às receitas administradas, que englobam os tributos, foi registrada uma queda de 6% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação. As maiores reduções ocorreram no Imposto de Renda e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Em relação às despesas, os gastos com programas sociais, impulsionados pelo novo Bolsa Família, apresentaram um aumento de R$ 9,9 bilhões acima da inflação em agosto. Já as despesas com abono salarial e seguro-desemprego tiveram uma queda, pois o calendário de pagamentos foi diluído ao longo do ano. Os gastos com o funcionalismo federal também apresentaram redução, graças à mudança no calendário de pagamentos de precatórios e dívidas judiciais.
O governo federal também investiu R$ 37,233 bilhões em obras públicas e compra de equipamentos nos oito primeiros meses do ano, representando um aumento de 32,8% em relação ao mesmo período de 2022.
No geral, apesar da melhoria em relação ao ano passado, o déficit primário do Governo Central ainda representa um desafio para as contas públicas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou recentemente um pacote de medidas para melhorar a arrecadação e revisar os gastos, com o objetivo de diminuir o déficit para cerca de R$ 100 bilhões em 2023. No entanto, a previsão oficial do governo é de um déficit primário de R$ 141,4 bilhões para este ano.