De acordo com o governo, a decisão é uma resposta a algumas das demandas expressas por montadoras operando no Brasil e pelo grupo de empresas que estão planejando iniciar operações no país. A queda na tarifa e a introdução das cotas reforçam a competitividade no setor automotivo, onde, atualmente, a BYD se destaca como líder em vendas de veículos elétricos, competindo diretamente com marcas tradicionais como Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis, que há tempos solicitam ao governo uma limitação nas importações desses novos modelos.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) havia solicitado uma antecipação da elevação da tarifa de importação para julho de 2026, mas o governo acatou parcialmente o pedido, decidindo que a nova alíquota será aplicada a partir de janeiro de 2027. O presidente da Anfavea, Igor Calvet, expressou sua gratidão pela atenção dada às indústrias, afirmando que a mudança é “o máximo aceitável” sem comprometer os investimentos em andamento ou futuros na cadeia automotiva nacional.
O Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Externo (Camex) também decidiu que, durante os próximos seis meses, haverão cotas adicionais de importação com alíquota zero para veículos desmontados, totalizando um limite de até 463 milhões de dólares. Esta medida visa estimular o mercado e tornar mais acessíveis as novas tecnologias que beneficiam os consumidores.
Apesar das expectativas, a decisão não atendeu completamente ao pedido da BYD de uma redução imediata na alíquota durante a construção de sua unidade em Camaçari, na Bahia. A empresa chinesa argumenta que é incoerente pagar a mesma tarifa para carros desmontados que para veículos prontos importados.
Recentemente, os representantes da Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, argumentando que a proposta da BYD ofereceria uma vantagem injusta, colocando em risco os investimentos e empregos no Brasil. A posição da BYD, por sua vez, sugere que as montadoras estabelecidas estão tentando proteger seu território e evitar a entrada de novos concorrentes.
O presidente da Anfavea reafirmou que novas empresas devem entrar no mercado brasileiro de forma justa e competitiva, ressaltando a importância de uma colaboração abrangente que envolva trabalhadores, sindicatos e outras associações da indústria automotiva. Ele se mostrou otimista quanto ao futuro do setor, destacando que as práticas adotadas demonstram a forte capacidade da indústria automotiva nacional em se adaptar e inovar.
Em 2023, os veículos elétricos e híbridos importados estavam isentos de tarifas, ao contrário dos veículos a combustão, que enfrentavam uma alíquota de 35%. Com essa nova política, o governo busca não apenas regularizar o mercado, mas também incentivar a instalação de novas fábricas no país, onde diversas novas iniciativas já estão em andamento.