A carta destaca a necessidade de uma reforma tributária internacional progressiva, colocando em pauta uma “nova globalização” que priorize critérios socioambientais. Segundo o documento, este é o momento propício para que os super-ricos contribuam com uma parte proporcional justa de seus impostos. A argumentação ressalta que o sistema tributário global atual não só é ineficaz, mas também propicia uma crescente concentração de riqueza e permite práticas de evasão e elisão fiscal em larga escala.
Os autores da carta enfatizam que a desigualdade e a evasão fiscal são falhas estruturais que colocam em risco a estabilidade econômica e a coesão social. O conteúdo da carta critica abertamente o modelo vigente, classificando-o como inadequado para as necessidades contemporâneas.
Nesse contexto, Haddad enfatiza a importância de uma política econômica nacional que não apenas busque a consolidação fiscal, mas que também incorpore justiça social. O governo está comprometido com uma agenda de tributação progressiva sobre renda e patrimônio, além de revisar isenções fiscais consideradas ineficientes. Há ainda uma intenção clara de integrar metas de sustentabilidade ambiental no centro das políticas fiscais, como evidenciado pelo Plano de Transformação Ecológica.
Embora Haddad não tenha participado da reunião em Washington para se manter em Brasília, onde tratava de questões orçamentárias após a rejeição de uma medida provisória que aumentaria impostos sobre aplicações financeiras, a carta reforça que a estabilidade das contas públicas deve ser alcançada sem comprometer a equidade.
A nível internacional, o Brasil manifesta preocupações em relação ao aumento de medidas unilaterais e protecionistas, que geram incertezas e podem prejudicar o crescimento global. Nesse sentido, a proposta é de redobrar esforços para criar uma nova globalização que privilegie metas ambientais e inclusão social, restabelecendo estruturas multilaterais previsíveis.
O documento também menciona que a economia global enfrenta desafios como a inflação persistente, taxas de juros elevadas e uma iminente crise climática. Assim, o governo brasileiro argumenta que o FMI e o Banco Mundial devem liderar uma transição para um sistema econômico mais equitativo e estável.
No que diz respeito à política interna, a carta reafirma o compromisso do Banco Central com o controle da inflação, reconhecendo a necessidade de taxa de juros em níveis adequados para fomentar o crescimento. A economia brasileira, segundo as projeções, deverá crescer 2,4% em 2025, enquanto os índices de desemprego e desigualdade devem diminuir, com um superávit primário projetado para 2026.
Por fim, a proposta de reformas na estrutura de governança do FMI destaca a necessidade de maior representação para países em desenvolvimento, buscando fortalecer o multilateralismo e garantir que as instituições internacionais operem de forma transparente e eficaz na avaliação das consequências de políticas comerciais e cortes em ajuda internacional. Para Haddad, a combinação entre um multilateralismo robusto e justiça tributária é essencial para construir uma economia global mais sustentável e inclusiva.