Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), avaliou a decisão como “insuficiente e equivocada”. Em sua análise, a alta taxa de juros não apenas sufoca a economia, mas também impede um ambiente propício para o crescimento. Alban enfatizou que, além da Selic elevada, outras medidas, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), têm o efeito colateral de elevar o custo do crédito, restringindo o fluxo de recursos para a produção. Ele argumentou que as tarifas impostas pelos EUA sobre as exportações brasileiras podem resultar em perdas para a indústria e, consequentemente, na perda de postos de trabalho.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também se manifestou contra a manutenção da Selic nesse nível. O economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz, destacou que a situação econômica atual do Brasil, com uma das maiores taxas reais de juros do mundo, requer uma revisão urgente dessa política. Segundo ele, a persistência desses juros elevados inibe investimentos, restringe o consumo das famílias e, por fim, prejudica o dinamismo da atividade econômica nacional.
Em contrapartida, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) reconheceu que, apesar de os juros estarem altos, a decisão do Banco Central seguiu as expectativas do mercado, levando em conta que a inflação ainda se encontra acima da meta estipulada pelo governo. O economista Ulisses Ruiz de Gamboa, da ACSP, destacou que embora a economia esteja desacelerando, as incertezas externas e o cenário fiscal justificam uma postura cautelosa.
As centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, também criticaram a medida. A CUT enfatizou que a mantenedora da Selic elevada acaba por penalizar a população e beneficiar apenas setores financeiros. Para a Força Sindical, a manutenção dessa taxa é absurda e uma oportunidade perdida para estimular o crescimento e a criação de empregos em um cenário de demanda global encolhida.
Na análise geral, a manutenção da taxa de juros apresenta um dilema entre o controle da inflação e a necessidade de impulsionar a economia, refletindo a complexidade da situação econômica do país e a insatisfação de diversos setores afetados pela política monetária atual.