ECONOMIA – Leilão de concessão de blocos petrolíferos é criticado por ONGs devido a ameaças socioambientais.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) está prestes a realizar seu 4º Ciclo de Oferta Permanente de Concessão de blocos petrolíferos no próximo dia 13. Este leilão, no entanto, recebeu duras críticas do Instituto Arayara, uma organização não governamental que defende o uso sustentável dos recursos naturais.

Um estudo divulgado pelo Instituto aponta que vários dos mais de 600 blocos ofertados na rodada apresentam ameaças socioambientais. De acordo com o levantamento, 23 desses blocos estão sobrepostos a 15 unidades de conservação, colocando em risco um total de 366 quilômetros quadrados de áreas protegidas. Isso inclui áreas como a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, o Parque Estadual de Itaúnas e a Reserva Biológica de Comboios.

Vinicius Nora, gerente de Oceanos e Clima do instituto, destacou a gravidade da situação, afirmando que “Isso inclui áreas com potencial biológico e ecológico icônicos no país. A APA Costa dos Corais, por exemplo, é a maior área marinha protegida do Brasil. Ela tem 11 blocos de petróleo sobrepostos à sua porção sul, no litoral de Alagoas”. Além disso, 11 blocos estão sobrepostos aos montes submarinos das cadeias oceânicas de Fernando de Noronha e Norte Brasileira, que apresentam ecossistemas de recifes de corais com grande biodiversidade.

Outro ponto de preocupação é que 94 blocos ofertados se sobrepõem a ambientes coralíneos prioritários para a preservação, previstos no Plano de Ação Nacional (PAN) de Corais. Além disso, o estudo identificou que 23 terras indígenas e cinco territórios quilombolas têm blocos ofertados em suas áreas de influência direta, afetando milhares de pessoas.

Por fim, o estudo também alerta para riscos geológicos associados. Alguns blocos estão próximos da mina de sal-gema da Braskem, que está provocando afundamento do solo. Segundo Nora, é uma “situação super delicada” que carece de mais estudos e consultas.

Em nota, a ANP informou que seu diretor-geral se reuniu com representantes do Instituto Arayara e que quaisquer estudos enviados pela organização serão analisados. A agência também destacou que o planejamento de outorga das áreas oferecidas levará em conta conclusões de estudos multidisciplinares de avaliações ambientais. O órgãos ambientais se manifestarão antes da inclusão das áreas no edital, de acordo com a ANP.

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