Alban destacou que não se via uma taxa de juros nesse patamar desde 2006 e questionou a lógica do Banco Central, que ao mesmo tempo em que critica o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), decide elevar os juros. Essa incoerência levanta dúvidas sobre as intenções fiscais do governo e sua capacidade de promover um ambiente econômico saudável.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também pediu ao Banco Central por uma revisão da decisão. Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas, argumentou que havia espaço para uma política de estabilização, quem sabe até de redução da Selic. Para ele, uma taxa mais moderada poderia impulsionar o crescimento do PIB, projetado em 2,2% para este ano, um índice que poderia ser significativamente maior sob circunstâncias diferentes.
Da mesma forma, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) se mostrou surpresa com a decisão. Os representantes dessa entidade lembraram que, apesar da desaceleração econômica e da valorização do real, a inflação subjacente seguia acima do teto da meta, o que, segundo eles, justifica uma postura mais rígida da política monetária. O economista Ulisses Ruiz de Gamboa elaborou sobre essa questão, explicando que a inflação, mesmo sob controle, ainda apresenta riscos para a estabilidade econômica.
As centrais sindicais também criticaram severamente a decisão. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) afirmou que a elevação da Selic complica a vida das famílias e perpetua um sistema que favorece o setor financeiro em detrimento do consumo e do investimento. Juvandia Moreira, vice-presidenta da CUT, enfatizou que os altos juros freiam potenciais aumentos de emprego e qualidade de vida no país.
Por sua vez, a Força Sindical declarou que os juros elevados são um “veneno” que compromete a produção e o comércio, provavelmente agravarão o desemprego e a pobreza se a política monetária do Copom permanecer inalterada. O presidente da entidade, Miguel Torres, finalizou ressaltando que essa abordagem beneficia o setor bancário em detrimento dos interesses da indústria e do comércio.
Nesse contexto, a expectativa é de que o debate sobre a taxa de juros e suas consequências continue a ser um tema central nas discussões econômicas e sociais do Brasil.