ECONOMIA – Inflação em julho é pressionada por conta de luz, enquanto alimentos apresentam queda; IPCA acumula 5,23% em 12 meses, fora da meta.

A inflação oficial do Brasil apresentou uma leve alta em julho, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrando uma variação de 0,26%, um aumento em relação aos 0,24% observados em maio. Esse incremento foi amplamente impulsionado pelos altos custos da energia elétrica, que se destacaram como o fator de maior impacto no cálculo do índice.

Um dado positivo, no entanto, é que a taxa de crescimento dos preços dos alimentos teve uma queda pelo segundo mês consecutivo, o que ajudou a moderar a inflação. Comparando com julho do ano passado, quando o IPCA registrou 0,38%, o desempenho atual é um sinal de que algumas pressões inflacionárias podem estar sendo controladas.

Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que o IPCA acumula uma alta de 5,23% nos últimos 12 meses, um crescimento significativo que supera o centro da meta inflacionária, estabelecido em 3% e com uma tolerância que vai até 4,5%. Essa elevação é preocupante, uma vez que a inflação ultrapassa o teto estabelecido desde setembro de 2024 e, em abril, foi registrado um pico de 5,53%, refletindo desafios econômicos persistentes.

O aumento de 3,04% nas tarifas de energia elétrica residencial em julho teve um peso considerável no resultado final do IPCA, contribuindo com 0,12 ponto percentual para o índice. Essa elevação nas contas de luz foi, em grande parte, motivada pela bandeira tarifária vermelha patamar 1, que foi implementada para lidar com os custos das usinas termelétricas em um período de baixa nos reservatórios das hidrelétricas. Essa cobrança adicional de R$ 4,46 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos começou em junho e foi mantida em julho.

Além disso, aumentos regionais nas tarifas em cidades como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro também repercutiram no índice nacional, refletindo a realidade de diversos consumidores pelo país. Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa, se não fosse o impacto das contas de luz, o IPCA seria significativamente menor, fechando em 0,15%.

Ainda segundo a análise, o índice de energia elétrica residencial acumula uma impressionante alta de 10,18% de janeiro a julho, muito além do IPCA total acumulado de 3,26% nesse mesmo período. Essa variação representa a maior elevação para os primeiros sete meses do ano desde 2018, quando o índice alcançou 13,78%, mostrando que os consumidores brasileiros estão enfrentando um desafio considerável em relação aos custos de energia.

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