De acordo com a SPE, a redução nas expectativas de inflação é atribuída ao excesso de oferta de bens no mercado global. Esse cenário foi impulsionado por políticas de tarifas comerciais, especialmente a imposição de tarifas pelo governo dos Estados Unidos aos produtos importados, o que gerou um impacto significativo nas relações comerciais internacionais. Além disso, o boletim destaca a desaceleração na inflação no setor agropecuário e industrial como um dos componentes que viabilizaram essa nova estimativa.
Ademais, a previsão considera que haverá uma bandeira amarela nas tarifas de energia elétrica em dezembro, um aspecto que também pode afetar os índices. Apesar da redução na previsão, o IPCA ainda se mantém acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com uma margem de tolerância que vai de 1,5% a 4,5%.
Para o ano de 2026, a SPE espera que a inflação, medida pelo IPCA, estabilize-se em 3,6%, numa trajetória que busca convergir para o centro da meta nos anos seguintes.
Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é utilizado para o reajuste do salário mínimo e aposentadorias, as projeções foram mantidas em 4,7%, sem alterações em comparação ao boletim anterior. Já a previsão para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que abrange os setores atacadista e da construção civil, teve uma brusca queda, passando de 4,6% para 2,6%.
Além das revisões nas previsões de inflação, o Boletim Macrofiscal também ajustou as expectativas sobre o crescimento econômico do Brasil. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi alterada de 2,5% para 2,3% devido a resultados abaixo do esperado no segundo trimestre do ano. Essa desaceleração reflete uma série de fatores, incluindo uma política monetária restritiva que impactou diretamente no crédito e na atividade econômica de maneira abrangente.
A análise indica que a atividade econômica enfrentou um desaquecimento significativo nos últimos meses, com a taxa de juros se mantendo em 15% ao ano, que levou a uma redução nas concessões de crédito. Os dados revelam que a expansão real do crédito caiu drasticamente, de 10,5% no último trimestre de 2024 para apenas 2,4% no final de julho. A desaceleração também foi visível nas demandas das famílias, bem como nos investimentos e no consumo do governo.
A projeção para os diferentes setores da economia sofreu ajustes: o PIB da indústria agora é esperado em 1,4%, enquanto o setor de serviços permanece em 2,1%. Já o PIB agropecuário, por sua vez, apresenta uma expectativa otimista, aumentando de 7,8% para 8,3% devido a uma maior produção de culturas e ao aumento no abate de bovinos. Essa mudança também considera os impactos das tarifas adicionais dos Estados Unidos às exportações brasileiras e as estratégias adotadas pelo governo para mitigar essas dificuldades.