Esses dados foram revelados na Pesquisa Industrial Mensal, divulgada recentemente por uma das principais instituições de análise econômica do país. O desempenho da indústria neste último mês também indica que, embora a produção esteja 2,3% acima dos níveis anteriores à pandemia de Covid-19 em fevereiro de 2020, ainda está 14,8% abaixo do pico histórico registrado em maio de 2011.
Um aspecto preocupante é que, no período de abril a setembro, a indústria experimentou quatro resultados negativos consecutivos, sendo que a queda de agosto foi a mais intensa desde maio, quando a produção já tinha recuado 0,5%. Durante a análise, ficou evidente que 12 dos 25 setores industriais avaliados apresentaram redução na produção. Os maiores destaques negativos foram observados em produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que caíram 9,7%, seguidos pelas indústrias extrativas com uma diminuição de 1,6% e pela produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, com um recuo de 3,5%.
Por outro lado, algumas atividades se mostraram resilientes ao crescimento. Os produtos alimentícios, por exemplo, avançaram 1,9%, enquanto os produtos do fumo e de madeira cresceram expressivos 19,5% e 5,5%, respectivamente.
De acordo com especialistas, um dos principais fatores que têm impactado negativamente a produção industrial é a elevação da taxa de juros, que atualmente se encontra em 15% ao ano. Essa taxa, a mais alta desde 2006, tem repercussões diretas nas decisões de investimento das empresas e nas compras das famílias. Com a Selic elevada, o acesso ao crédito se torna mais complicado, e a inadimplência tende a aumentar, freando o consumo e a confiança do mercado.
Além do desafio interno da taxa de juros, o setor industrial também sente os efeitos do chamado “tarifaço” americano, que elevou as taxas sobre alguns produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Essa manobra, que tem como justificativa a proteção da economia americana, introduziu mais um elemento de pressão em um setor já fragilizado.
Nos últimos dias, os governos do Brasil e dos Estados Unidos têm buscado diálogo para tentar reverter essa situação e melhorar as relações comerciais. Enquanto isso, o cenário econômico continua a exigir vigilância e ação coordenada para propiciar um ambiente mais favorável ao crescimento e à geração de empregos na indústria nacional.









