No intervalo entre abril e julho, a indústria acumulou uma perda total de 1,5%, com quedas registradas em abril (-0,7%) e maio (-0,6%), além de estabilidade em junho. Este é o primeiro período prolongado sem crescimento da produção industrial desde o intervalo entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023. Apesar dessa realidade desafiadora, comparado a julho de 2024, o setor mostra um leve avanço de 0,2%, e no acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial cresceu 1,9%. No entanto, ainda se encontra 15,3% abaixo do pico histórico atingido em maio de 2011.
Especialistas apontam que o desempenho negativo da indústria é reflexo das políticas monetárias rigorosas implementadas para controlar a inflação. A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, representa o patamar mais elevado desde julho de 2006. Altos juros encarecem o crédito e inibem o consumo e o investimento, resultando em decisões empresariais mais conservadoras e impactando diretamente o crescimento da produção.
Analisando os resultados setoriais, foram identificadas quedas em 13 das 25 atividades industriais. A metalurgia, por exemplo, sofreu uma diminuição de 2,3%, enquanto outros setores, como a impressão e reprodução de gravações, enfrentaram uma queda significativa de 11,3%. Entretanto, alguns segmentos conseguiram apresentar crescimento, como os produtos farmacêuticos, que aumentaram sua produção em 7,9%.
Adicionalmente, o cenário econômico é influenciado pela ameaça de taxação das exportações brasileiras pelos Estados Unidos, o que inquieta empresários, especialmente aqueles voltados para o mercado externo. Essa situação reflete-se nas expectativas de investimentos e estratégias empresariais.
Com esse panorama, o Brasil enfrenta um momento delicado em sua indústria, o que exige atenção redobrada por parte dos investidores e coronadores econômicos. O desafio é superar a resistência do ambiente monetário e estrutural para que a recuperação industrial se torne viável nos próximos meses.