O grau de investimento é um importante indicador de solidez financeira, significando que um país está apto a honrar suas obrigações relacionadas à dívida. No entanto, a manutenção da baixa nota brasileira é um alerta quanto à fragilidade fiscal do país. Em um comunicado oficial, a Fitch destacou quatro fatores principais que influenciaram sua decisão: a elevada e crescente dívida pública, a rigidez orçamentária, a governança considerada insatisfatória e o crescimento econômico potencial relativamente baixo.
Outro ponto relevante mencionado pela Fitch foram as eleições presidenciais programadas para 2026, o que pode levar a um adiamento na resolução de questões fiscais, projectando a necessidade de tomadas de decisões para 2027. A agência também notou as dificuldades que o governo atual enfrenta no relacionamento com o Congresso, um fator que pode complicar ainda mais a governabilidade e a execução de reformas necessárias.
Até o momento, o Ministério da Fazenda não se manifestou sobre a decisão da Fitch, o que pode ser interpretado como uma tentativa de evitar reações precipitadas no cenário econômico e financeiro. É importante lembrar que, em julho de 2023, a Fitch já havia elevado sua classificação em relação à dívida brasileira, mas ainda assim deixando o país longe do status de bom pagador.
Em um panorama mais amplo, cabe ressaltar que outras agências de classificação de risco têm avaliado a situação da dívida pública brasileira com cautela. No fim de maio de 2023, a Moody’s já havia reduzido a perspectiva para a nota soberana brasileira de positiva para estável, reforçando a incerteza do entorno econômico nacional. Enquanto isso, a S&P demonstrou um comportamento um pouco mais otimista, elevando a nota da dívida brasileira, mas, ainda assim, não a considerando como um grau de investimento. As avaliações das agências de risco seguem sendo um importante termômetro para a saúde econômica do Brasil e sua capacidade de atração de investimentos externos.