Esse cenário é evidenciado pelo boletim mensal sobre inflação por faixa de renda, que analisa o impacto das variações de preço em diferentes estratos econômicos. A pesquisa revela que as três faixas de menor renda — famílias com rendimento muito baixo, baixo e médio-baixo — foram as que mais sentiram a deflação, enquanto as categorias de renda média e alta mostraram resultados menos favoráveis.
O estudo categoriza as famílias em seis grupos de renda mensal. As variações foram expressivas nas faixas mais humildes: famílias com renda muito baixa registraram uma queda média de 0,29%, enquanto aquelas com renda baixa tiveram um recuo de 0,21%, e as de média-baixa, 0,19%. As famílias que pertencem à renda média experimentaram uma redução de apenas 0,07%, contrastando com a positiva de 0,10% observada nas famílias de renda alta.
De acordo com especialistas, o alívio no custo de vida para as famílias mais pobres se deve a uma combinação de fatores, como a pressão de preços mais baixos em itens essenciais como alimentos e a diminuição das tarifas de energia elétrica. A implementação do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos na conta de luz para milhões de consumidores, ocorreu em um momento de elevação da taxa da bandeira vermelha, responsável por encarecer as contas de energia.
Particularmente no que se refere à alimentação, houve quedas significativas nos preços de cereais, tubérculos e várias proteínas animais. Apesar disso, as famílias de renda mais alta não sentiram o mesmo alívio, pois enfrentaram aumentos em serviços, como alimentação fora de casa e atividades de lazer.
Entretanto, analisando um período mais longo, as famílias de menor renda enfrentaram um desafio inverso nos últimos 12 meses, com as taxas de inflação acumuladas mostrando variações que ultrapassam o índice geral do IPCA, que chegou a 5,13%. Esse cenário evidencia uma preocupação contínua com a inflação, que superou a meta do governo e mostra as pressões inflacionárias persistentes, especialmente em categorias como alimentos e bebidas, habitação e transportes.
Em suma, os dados de agosto destacam não apenas a complexidade da inflação no Brasil, mas também a necessidade de políticas que considerem as diversas realidades econômicas enfrentadas pelas diferentes estratos da população. A disparidade nas experiências de inflação entre as diversas faixas de renda evidencia uma realidade econômica que precisa ser abordada com atenção pelas autoridades competentes.