Em seu relatório anual, o USTR alertou sobre potenciais “barreiras comerciais estrangeiras” que podem impactar as exportações e o comércio eletrônico dos EUA com diversos países, incluindo o Brasil. Essa edição específica foi a primeira a mencionar o Pix de forma direta, destacando a preocupação do governo americano com o sistema financeiro brasileiro e suas implicações para as empresas de pagamento tradicionais.
Recentemente, o USTR anunciou a abertura de uma investigação sobre diversas práticas comerciais no Brasil, incluindo o incentivo governamental ao uso do Pix. Essa iniciativa, segundo Jamieson Greer, dirigente do USTR, foi impulsionada por solicitações do presidente Donald Trump, que buscava apurar “ataques do Brasil” a empresas americanas e outras ações que, segundo ele, prejudicam negócios e inovações nos EUA.
Analistas acreditam que o desconforto dos EUA com o Pix se deve, em parte, à concorrência que ele representa para serviços de pagamento tradicionais, como operadoras de cartão de crédito e o Whatsapp Pay. O sistema, considerado público e gratuito, tem se tornado um forte concorrente, chegando a ser uma alternativa ao dólar em algumas transações.
Em 2022, o Pix movimentou impressionantes R$ 26,4 trilhões, um dado que evidencia seu impacto no sistema financeiro do país. A economista Cristina Helena Mello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, ressaltou as vantagens do Pix, como agilidade e inclusão financeira, sendo um fator positivo para a competição no setor.
Um aspecto curioso é que a reação tardia de Trump pode estar relacionada ao fato de que, com o lançamento do Pix, o Banco Central supostamente prejudicou os planos do Whatsapp Pay, da Meta, empresa de Mark Zuckerberg. A funcionalidade foi suspensa pelo Banco Central no mesmo ano, considerando o necessário acompanhamento da concorrência e a legalidade das transações.
O Banco Central e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil foram consultados sobre o assunto, mas ainda não se manifestaram. A situação continua a gerar debates sobre a interação entre os serviços financeiros globais e as suas regulamentações.