ECONOMIA – EUA e Brasil Avançam em Proposta de Cooperação para Combate ao Crime Organizado e Rastreio de Fuzis.

Na última quinta-feira, o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, anunciou que os Estados Unidos devem formalizar uma proposta de cooperação para enfrentar o crime organizado, um tema de crescente preocupação no Brasil. Acompanhado pelo embaixador interino dos EUA, Gabriel Escobar, Haddad destacou a disposição do diplomata em avançar em negociações que visam estabelecer um canal direto entre os dois países. O objetivo principal é rastrear a origem das peças de fuzis que entram no Brasil, reforçando as iniciativas para combater o tráfico de armamentos que alimentam facções criminosas.

“Vamos encaminhar informações a uma autoridade competente nos EUA para entender melhor a dinâmica das exportações, investigando quem, como e por que essas peças estão sendo enviadas”, afirmou Haddad. Ele ressaltou a gravidade da situação ao mencionar que, atualmente, 55 fundos de investimento estão sob investigação na Operação Poço de Lobato, com 40 destes operando no Brasil e 15 no exterior. “Estes fundos podem estar financiando atividades ilícitas, ligadas a grupos organizados”, alertou.

As investigações apontam que componentes de fuzis provenientes dos EUA têm encontrado seu caminho até grupos criminosos no Brasil, uma realidade preocupante que incentiva a busca por soluções mais colaborativas. Haddad informou que organizações criminosas estão transferindo recursos entre diversas nações para ocultar bens e driblar a fiscalização, mencionando especificamente o grupo Refit, relacionado à antiga refinaria de Manguinhos, como um dos principais alvos das apurações.

Evidenciando a urgência da questão, o ministro ainda criticou os métodos de exportação das cargas, que, frequentemente, não seguem procedimentos essenciais como o escaneamento adequado de contêineres. Durante a reunião, Haddad enfatizou a criação de um canal ágil para que as autoridades norte-americanas possam ser alertadas imediatamente sobre a chegada de cargas suspeitas no Brasil.

A proposta de um modelo de cooperação, conforme mencionado por Haddad, também envolve a troca de informações sobre investigações relacionadas a fundos registrados nos EUA. O ministro indicou que a documentação necessária será enviada às autoridades americanas para evitar complicações legais futuras. Ele sublinhou a necessidade de um trabalho conjunto entre a Polícia Federal, Receita Federal e outros órgãos, buscando o suporte dos EUA para fortalecer a luta contra a lavagem de dinheiro e a identificação de organizações criminosas.

Embora o embaixador Escobar tenha apresentado exemplos de cooperação já existentes entre os EUA e o México, Haddad argumentou que a realidade brasileira requer um ajuste nos termos de colaboração. O diálogo entre os dois países parece promissor, e o ministro saiu da reunião com a expectativa de que os EUA estejam prontos para acelerar a análise da proposta. A disposição demonstrada pelo governo norte-americano para estreitar laços com o Brasil nesta questão crítica é um sinal positivo em um contexto onde o crime organizado continua a desafiar a segurança e a estabilidade nas sociedades.

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