Por outro lado, 5,2 milhões de jovens, correspondendo a 33,5%, continuavam a receber apoio do programa no ano passado. Essa persistência ilustra não apenas a dureza da realidade da pobreza no Brasil, mas também a complexidade dos mecanismos que potencializam a mobilidade social. Segundo especialistas, os resultados reforçam a relevância das transferências de renda no combate imediato à pobreza, mas também ressaltam a necessidade de uma abordagem integrativa que inclua políticas em educação, saúde e geração de empregos para efetivamente romper com o ciclo de vulnerabilidade social.
O presidente do IMDS, Paulo Tafner, enfatizou que, embora o Bolsa Família seja essencial para garantir a sobrevivência básica, ele não é suficiente para assegurar uma mobilidade social sustentável. Para que os beneficiários consigam abandonar a pobreza, fatores como a escolaridade dos pais e a infraestrutura municipal desempenham papéis cruciais. Tafner ainda sublinhou a importância da educação de qualidade e do saneamento básico na luta contra a pobreza.
O estudo também fez uma análise detalhada do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e revelou que 7,6 milhões de jovens se desligaram completamente da rede de proteção até 2024, indicando trajetórias de ascensão mais robustas. O desligamento do Cadastro Único, segundo a pesquisa, esteve relacionado às condições econômicas e educacionais das famílias em 2012, com famílias com responsáveis mais escolarizados tendo maior probabilidade de se desvincular.
Além disso, o estudo expôs desigualdades regionais significativas. Enquanto regiões como Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram taxas mais altas de desligamento do Bolsa Família e do CadÚnico, o Nordeste e partes da Amazônia mostraram maior permanência nas redes de proteção social, refletindo vulnerabilidades históricas. O Nordeste, em especial, continuou a concentrar uma grande parte dos beneficiários do programa, com menos jovens conseguindo se desvincular até 2024.
Esses dados ressaltam a urgência na formulação de políticas eficazes que não apenas amparem os cidadãos em situação de vulnerabilidade, mas que também promovam um ambiente propício para a verdadeira mudança socioeconômica.