Segundo a pesquisa, o índice de endividamento caiu de 78,1% para 77,4%, atingindo o menor patamar desde junho de 2022. Nos últimos 12 meses, foi registrada uma redução de 1,6 ponto percentual. Vale ressaltar que são consideradas endividadas as pessoas que possuem compromissos a serem pagos, não necessariamente com dívidas já atrasadas.
A pesquisa analisa diversas modalidades de dívidas, como cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro e prestação de casa. A queda no endividamento foi observada em todas as faixas de renda pesquisadas.
A economista responsável pela Peic, Izis Ferreira, destaca dois fatores que contribuíram para essa redução. O primeiro é um contexto de inflação mais baixa comparado ao ano passado, o que proporcionou uma folga no orçamento das famílias. O segundo é um mercado de trabalho resiliente, que absorveu pessoas com menor grau de instrução. Com a melhora nessas áreas, menos pessoas têm buscado o crédito como meio de consumo.
No entanto, apesar da queda no endividamento, cresceu a proporção de pessoas inadimplentes, ou seja, com contas atrasadas. Em agosto, esse índice atingiu 30%, igualando o resultado de dezembro de 2022. Isso ocorre principalmente devido ao aumento no número de modalidades de dívidas que os consumidores possuem.
Outro dado preocupante é o número de consumidores que afirmam não conseguir pagar suas contas atrasadas. Esse índice, de 12,7%, é o maior desde janeiro de 2010. Principalmente as pessoas com renda de até três salários mínimos enfrentam essa situação.
De acordo com Izis Ferreira, mesmo com uma inflação controlada, é desafiador para as famílias negociar ou pagar dívidas em atraso, pois os juros altos aumentam o custo dessas dívidas, tornando difícil a quitação. O cartão de crédito é apontado como o principal vilão do orçamento das famílias brasileiras, com 85,5% dos consumidores endividados utilizando essa modalidade.
A pesquisa também mostra que o tempo médio de comprometimento com dívidas é de 6,9 meses, com um prazo médio de pagamento em atraso de 63 dias. Além disso, a parcela da renda comprometida com dívidas é de 29,9%.
A CNC estima que o endividamento continue em queda nos próximos meses, atingindo cerca de 77% entre setembro e outubro. No entanto, a expectativa é de que o endividamento volte a crescer no final do ano, encerrando 2023 próximo a 78% do total de famílias brasileiras.