A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) destacou que setores associados começaram a enfrentar cancelamentos de pedidos provenientes de clientes norte-americanos. Embora o decreto tenha criado cerca de 700 exceções à taxa elevada, a grande maioria dos produtos da indústria química brasileira ficou de fora dessa lista de isenções.
Atualmente, os Estados Unidos mantêm um superávit em sua relação comercial com o Brasil no setor químico, com um saldo anual que se aproxima de US$ 8 bilhões. Em 2024, a alíquota efetiva aplicada pelo Brasil às importações de produtos químicos dos EUA foi de apenas 7,7%. Nesse mesmo ano, as exportações brasileiras de produtos químicos para o mercado norte-americano totalizaram US$ 2,4 bilhões. A maior parte dessas exportações, cerca de 82%, concentra-se em 50 categorias de produtos, abrangendo petroquímicos básicos e resinas termoplásticas.
Entre os 50 principais itens, somente cinco não serão impactados pela nova tarifa adicional, totalizando exportações de US$ 697 milhões para os EUA em 2024. Os demais produtos, que representam US$ 1,7 bilhão, estarão sujeitos à nova alíquota, resultando em uma carga tributária total de 50%. A Abiquim expressou preocupação com essa situação e enfatizou a necessidade de adotar medidas que minimizem os danos ao setor químico, sugerindo um diálogo construtivo entre os dois países.
Nesse contexto, a associação manifestou apoio ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e a outras autoridades brasileiras que buscam uma solução rápida e eficaz por meio de canais diplomáticos. A Abiquim, em conjunto com o American Chemistry Council, entregou uma declaração às autoridades brasileiras e americanas solicitando ações concretas para preservar a integração produtiva e a resiliência das cadeias de suprimento químico.
Além disso, a Abiquim destacou a urgência de implementar medidas emergenciais, incluindo a aplicação de direitos antidumping, a devolução de saldos credores de ICMS e o fortalecimento de linhas de financiamento à exportação, visando mitigar os impactos dessa nova política tributária. A situação revela um momento crítico para as relações comerciais entre Brasil e EUA, que exige uma atuação proativa e colaborativa para proteger as indústrias nacionais.