ECONOMIA –

Divisões Acentuadas: Reações Divergentes à Manutenção da Selic em 15% pelo Copom

A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 15% ao ano gerou um amplo espectro de reações entre economistas, centrais sindicais e entidades empresariais. O anúncio, feito na última quarta-feira, foi acompanhado de uma análise que destacou a incerteza no cenário global, especialmente em relação à política econômica dos Estados Unidos, e indicou uma moderação no crescimento econômico interno, com a inflação ainda acima das metas estabelecidas.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) posicionou-se a favor da decisão, considerando-a adequada, uma vez que a inflação dos serviços permanece elevada. A entidade enfatizou que, mesmo com a política monetária restritiva, a demanda ainda se mostra alta, refletindo preocupações com os níveis de inflação em segmentos como o de alimentação fora do domicílio.

Por outro lado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a medida como “injustificada” e criticou o que considera uma postura excessivamente conservadora do Copom. O presidente da CNI argumentou que a alta taxa de juros estrangula o crescimento, inibe a inovação e dificulta o acesso ao crédito, ressaltando que é imperativo que o Banco Central comece a reduzir a Selic em sua próxima reunião, prevista para novembro.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também se posicionou contra a manutenção da taxa elevada, afirmando que essa política não ataca efetivamente a inflação e prejudica a população. Representantes da CUT argumentaram que os juros altos encarecem o crédito e consequentemente reduzem o consumo, além de intensificarem o endividamento dos consumidores.

Da mesma forma, a Força Sindical expressou preocupações sobre os impactos da Selic alta, afirmando que a política monetária atual favorece especuladores em detrimento do setor produtivo, que é responsável pela geração de empregos e renda. A entidade pediu urgentemente uma redução dos juros para reanimar a economia.

Entre os economistas, o professor Gilberto Braga, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), afirmou que a decisão do Copom não foi surpreendente. Embora o índice de preços ao consumidor tenha apresentado um cenário deflacionário no mês anterior, isso ainda não foi suficiente para impulsionar uma queda na Selic. No entanto, colocou esperanças de que, com o resultado positivo da economia, uma redução possa ser vista no próximo ano.

No mesmo sentido, economistas como Rafael Cardoso e Pedro Rossi analisaram a decisão do Copom com nuances críticas. Enquanto Cardoso considerou a postura cautelosa, Rossi destacou que a taxa Selic atual machuca a economia e prejudica a competitividade do Brasil no cenário internacional. Assim, a discussão em torno da taxa de juros reflete as tensões entre o controle da inflação e a necessidade de impulsionar o crescimento econômico em um contexto de recuperação.

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