Dívida Pública Federal ultrapassa R$ 7,8 trilhões com aumento nos juros
A Dívida Pública Federal (DPF) alcançou um marco histórico ao ultrapassar pela primeira vez a marca de R$ 7,8 trilhões. Dados recentes revelados pelo Tesouro Nacional mostram um crescimento de 2,77% em relação ao mês anterior, passando de R$ 7,67 trilhões em maio para R$ 7,883 trilhões em junho. Esse crescimento foi impulsionado por uma combinação de juros elevados e um baixo volume de vencimentos de títulos públicos.
Em junho de 2024, a DPF já havia superado a barreira de R$ 7 trilhões. Apesar do aumento significativo no mês passado, o valor ainda está abaixo das projeções estabelecidas no Plano Anual de Financiamento (PAF). Este plano, que foi apresentado no início de fevereiro, prevê que a DPF deve encerrar 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária interna (DPMFi) também registrou uma alta considerável, com um aumento de 2,99%, subindo de R$ 7,361 trilhões em maio para R$ 7,581 trilhões em junho. O Tesouro Nacional emitiu R$ 154,62 bilhões em títulos a mais do que os resgates, concentrando-se especialmente em papéis prefixados. Além disso, um aumento de R$ 65,13 bilhões em apropriação de juros contribuiu para o crescimento da dívida interna, refletindo a pressão que a taxa Selic, atualmente fixada em 15% ao ano, exerce sobre as finanças do governo.
A Dívida Pública externa, por outro lado, apresentou uma leve queda de 2,28%, descendo de R$ 309,17 bilhões em maio para R$ 302,12 bilhões em junho, resultado da desvalorização do dólar, que caiu 4,41% no período.
Outro aspecto relevante é o chamado colchão da dívida pública, uma reserva financeira destinada a enfrentar períodos de instabilidade. Após uma queda em maio, esse colchão subiu para R$ 1,03 trilhão em junho, o maior nível desde julho de 2024, oferecendo uma cobertura de 8,44 meses de vencimentos da dívida pública. Para os próximos 12 meses, o vencimento de títulos federais está estimado em R$ 1,236 trilhão.
A composição da DPF mostrou mudanças modestas: a fatia de títulos atrelados à inflação diminuiu um pouco, enquanto a de títulos prefixados teve um leve aumento, passando de 21,1% para 21,57%. O prazo médio da DPF também sofreu uma queda, reduzindo-se de 4,20 para 4,14 anos, indicando uma leve diminuição na confiança dos investidores na capacidade do governo em honrar seus compromissos.
As instituições financeiras continuam como principais detentoras da DPF interna, com uma participação de 31,3%. Por sua vez, a participação de investidores estrangeiros na dívida pública sofreu uma leve oscilação, passando de 9,9% em maio para 9,8% em junho. Nos últimos meses, a correlação entre a dívida pública e o cenário econômico continua a ser um ponto de vigilância para o Tesouro e os analistas financeiros, refletindo as complexidades da gestão fiscal em tempos desafiadores.