ECONOMIA – Dívida Pública Federal supera R$ 7,6 trilhões pela primeira vez, impulsionada por juros recordes e novas emissões de títulos, aponta Tesouro Nacional.

A Dívida Pública Federal (DPF) do Brasil atingiu um marco histórico, ultrapassando pela primeira vez o montante de R$ 7,6 trilhões. Os dados, divulgados na última quarta-feira (28) pelo Tesouro Nacional, revelam que a DPF subiu de R$ 7,508 trilhões em março para R$ 7,617 trilhões em abril, representando um crescimento de 1,44%. Este aumento é atribuído principalmente ao efeito dos juros sobre a dívida, um fator preocupante em um contexto econômico já desafiador.

Em junho do ano passado, a DPF foi a primeira a superar a barreira de R$ 7 trilhões. Apesar da elevação recente, a dívida permanece abaixo das expectativas previstas no Plano Anual de Financiamento (PAF), que estima que o saldo da DPF deverá oscilar entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões até o final de 2025.

Um aspecto que merece destaque é o crescimento da Dívida Pública Mobiliária interna (DPMFi), que aumentou 1,55%, passando de R$ 7,199 trilhões em março para R$ 7,31 trilhões em abril. O Tesouro Nacional emitiu R$ 41,42 bilhões em novos títulos, um valor considerável em comparação ao montante resgatado, o que demonstra uma estratégia de financiamento governamental ativa. A apropriação de R$ 70,3 bilhões em juros também contribuiu significativamente para esse crescimento, refletindo a pressão que a Taxa Selic de 14,75% ao ano exerce sobre as contas públicas.

Outro ponto relevante diz respeito à Dívida Pública Federal externa (DPFe), que registrou uma queda de 1,1%, recuando de R$ 309,54 bilhões em março para R$ 306,13 bilhões em abril, principalmente devido à desvalorização do dólar durante o mês.

Além disso, um aspecto que se destaca é a recuperação do chamado “colchão” da dívida pública, uma reserva financeira que serve como um mecanismo de proteção em tempos de instabilidade. Essa reserva subiu de R$ 869 bilhões para R$ 904 bilhões, o maior nível desde agosto do ano anterior, aumentando a confiança na capacidade do governo de enfrentar os desafios financeiros iminentes.

A composição da DPF também sofreu alterações significativas. A participação de títulos prefixados caiu de 21,51% para 20,23%, enquanto a dos papéis atrelados à Selic aumentou de 46,38% para 47,3%. Essa mudança reflete uma adaptação do mercado às condições econômico-financeiras atuais, com a busca por maior previsibilidade e segurança.

O prazo médio da DPF também se estendeu de 4,12 para 4,17 anos, sinalizando a confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar seus compromissos. As instituições financeiras continuam a ser os principais detentores da DPF, com uma participação que chega a 30,5%, seguidas por fundos de pensão e fundos de investimento.

Em suma, esses elementos mostram um cenário complexo, onde a gestão da dívida pública é um desafio constante, exigindo cada vez mais atenção das autoridades financeiras e comprometimento com a estabilidade econômica.

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